Nos tempos de Abraão, o modelo da família era o patriarcal, no qual o pai, enquanto vivo, tinha o controle de toda a sua prole. Os filhos, mesmo se casando, não se separavam da autoridade dele. Isso é visto na chamada de Deus para Abraão, que, provavelmente, compartilhou com o seu pai a ordem do Senhor de enviá-lo a uma terra que ainda lhe seria mostrada. O patriarca Tera se dispôs a ir com o filho, para que a bênção familiar continuasse sobre ele.

A Palavra de Deus diz que Tera tomou Abrão (ele ainda se chamava assim) e partiu para o local que ainda lhes seria revelado. A obediência ordenada nas Escrituras deve ser vista como bênção. Se tal recomendação veio do Criador, por que não praticá-la? Existem famílias onde cada membro faz o que quer, e isso não é bom. Sabemos de casos em que um irmão matou outro irmão, dentre outras histórias tristes. Onde o Senhor é respeitado, a bênção age sobre todos.

Harã era irmão de Abraão e morreu, deixando um filho chamado Ló. Tera fez questão de ter o neto junto da família rumo ao desconhecido, cumprindo a ordem divina. Eles chegaram a Harã, no sudoeste da Anatólia, Turquia, cujo nome significa estradas que se cruzam. Ficaram ali durante algum tempo, até que Tera morreu. Provavelmente, ele tinha idade avançada. Ele também levou Ló, a fim de que não ficasse sozinho e se perdesse longe da família, que o educaria.

Tera não deixou Sarai em casa, esperando que o marido fosse e arrumasse tudo e, depois, voltasse para buscar a família. Esse estratagema do diabo é usado muitas vezes hoje, e o resultado não tem sido bom. O casal, ao estar longe um do outro, esquece-se da responsabilidade mútua e, com o tempo, aparece outra pessoa, e o vínculo do casamento, que tem de existir até a morte, é destruído devido à fraqueza de um ou dos dois cônjuges. Tera, no entanto, levou todos!

O destino deles era Canaã, mas, com o provável agravamento da saúde do patriarca, tiveram a ideia de esperar em Harã, para que ele se recuperasse. Porém, não resistiu e morreu. Após tomar as medidas necessárias, Abraão assumiu o comando da casa, pois esse era seu dever, e partiram. A Bíblia não fala sobre a fé deles, só relata que Abraão continuou o seu trajeto, porque seu alvo era cumprir o chamado divino e o fez com elogios do Senhor!

A permanência em Harã deve ter sido longa, pois diz a Palavra que habitaram ali. Abraão tinha posses – servos e servas, bem como gado –, então a parada o fez negociar com as pessoas do local. Talvez, tenha arrendado uma terra para plantar e colher, e alimentar os animais. Eles devem ter buscado as orientações divinas. Não é bom desperdiçar tempo com coisas fúteis! Quem busca o Altíssimo de nada tem falta (Sl 34.10).

Quem viaja com a sua família, levando tudo o que possui, sabe que não pode forçar animais e crianças a caminharem dia e noite. É preciso ter cuidado no percurso, guardando-se de longas caminhadas e prestando atenção às estações, à época de chuvas ou de seca. Abraão orava!

Em Cristo, com amor,

R. R. Soares