Até esse evento, o Evangelho estava sendo pregado apenas aos judeus. Os discípulos não haviam prestado atenção ao mandamento que o Mestre lhes dera: de que fossem por todo o mundo e pregassem as Boas-Novas a toda criatura (Mc 16.15). O preconceito deles em relação aos gentios era tão grande, que o Senhor teve de lidar com Pedro em uma visão que se repetiu três vezes. Assim, o apóstolo foi à casa do gentio Cornélio (At 10).
Enquanto Pedro pregava a respeito de Jesus, Deus derramou o Espírito Santo, como havia feito em Jerusalém. Ao ver isso, Pedro concluiu que a salvação também era destinada aos gentios. Note que ele não pregava sobre o derramamento de poder – o batismo no Espírito Santo –, fato que nos ensina que Deus faz a obra como Lhe agrada. Como seria bom se isso acontecesse sempre em nossas reuniões, não é verdade?
Creio que podemos esperar algo semelhante. Esse fato deixa claro que o Senhor pode inverter a ordem dos passos da salvação, que são o arrependimento, o batismo nas águas e no Espírito Santo. Como soberano, o Altíssimo pode vir a batizar no Espírito antes do batismo nas águas. Mas, ao concluir que isso era de Deus, Pedro ordenou que todos fossem batizados nas águas. Ele deixou claro que temos de cumprir toda a justiça.
Quando o apóstolo falava da história mais linda – a vinda de Jesus –, o Senhor derramou Seu Espírito. Isso demonstra que Ele não precisa da nossa eloquência para cumprir Suas promessas, e sim de nossa submissão. A mesma experiência pode ser repetida em operações milagrosas, como a cura das mais diversas doenças. A mensagem tem de vir sempre do Altíssimo; sem Ele, não podemos fazer absolutamente nada.
Pedro e os que com ele tinham ido ficaram surpresos. A verdade é que tudo o que o Senhor faz nos surpreende, pois é maravilhoso aos nossos olhos. Precisamos dessas “surpresas” celestiais, em que o Onipotente cumpre Suas promessas. Nós O impedimos de operar quando damos a nossa mensagem, e não a dEle, a qual produz fé. Por isso, sempre que vamos falar do amor de Deus, devemos pedir a Sua ajuda.
Essa é mais uma lição que, se aprendida, fará de nós sábios e bons obreiros. Quando Deus faz a obra, Sua operação é além do que pedimos ou pensamos (Ef 3.20). A cooperação de Pedro com o Altíssimo se deu por falar a Palavra. Se fizermos o mesmo, operação idêntica à de Deus e outras de não menos importância serão realizadas em nosso meio. Se as nossas reuniões forem dirigidas pelo Senhor, sempre veremos maravilhas.

Em Cristo, com amor,

R. R. Soares