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O impacto em todas as instâncias da vida de quem decide se livrar das mágoas

Por Viviane Castanheira, do Ongrace

Paola dos Santos celebrando um novo ciclo ao lado do marido,
Júlio, e da filha, Ana Júlia: família unida
Imagem: Arquivo Pessoal

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O perdão é um reflexo do amor de Deus em nós, e, ao perdoarmos, demonstramos a graça e a compaixão que recebemos do Senhor. Em Mateus 6.14,15, lemos: Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós. Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas. Essa passagem ressalta que o perdão desempenha um papel fundamental na vida de todo seguidor de Jesus. Em um mundo repleto de conflitos, ressentimentos e divisões, o ato de perdoar se apresenta como uma das virtudes mais desafiadoras e, ao mesmo tempo, mais necessárias que podemos cultivar.

Quem perdoa pode desfrutar de benefícios emocionais e físicos. Segundo uma pesquisa da Universidade Johns Hopkins, em Baltimore (EUA), a prática do perdão é capaz de reduzir o risco de ataques cardíacos, baixar o nível de colesterol, melhorar a qualidade do sono e regular os níveis de estresse, depressão e ansiedade.

Para a Pra. Betina Correia, da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) em Santo Ângelo (RS), perdoar é libertador. “A mágoa é como uma pedra amarrada na perna de alguém, que arrasta a pessoa para o fundo do mar”, aponta a pregadora, que é casada com o líder regional no município, o Pr. Adriano Correia. De acordo com ela, quem foi perdoado por Deus deve fazer o mesmo. “Se realmente compreendemos o que Jesus fez na cruz, o perdão deve fluir no nosso coração. Se queremos ser parecidos com o Senhor, quais motivos temos para não perdoar alguém?”, questiona.

Pra. Betina Correia, da IIGD em Santo Ângelo (RS): “Se queremos ser parecidos com o Senhor, quais motivos temos para não perdoar alguém?” Imagem: Arquivo Pessoal

Ao lado do marido, Betina dedica-se a ensinar sobre a importância do perdão, e essa missão tem gerado inúmeros testemunhos. “Temos conduzido muitos a Cristo, casamentos são restaurados e vidas, transformadas. Pessoas que pensavam em tirar a própria vida por carregarem ódio, mágoa e ressentimentos têm sido levadas ao arrependimento para serem salvas e aprenderem o poder do perdão.”

Um dos frutos desse trabalho é a massoterapeuta Paola dos Santos Notargiacomo, 32 anos. Convertida e batizada em novembro de 2023, logo enfrentou seu primeiro desafio na vida cristã. Em fevereiro de 2024, ela descobriu que fora traída pelo marido e ficou desestabilizada. “Parecia que tudo ia desmoronar. Senti muita raiva, muito ódio e fiquei com uma mágoa profunda em meu coração”, conta.

Foi nesse momento de incerteza e angústia que Paola resolveu pedir ajuda aos pastores, Betina e Adriano. “Eu não sabia o que fazer, não sabia se me separava ou se continuava casada, mas fui orientada a clamar a Jesus por uma direção, e Ele foi trabalhando cada dia em meu interior.”

Motivada pela fé e com o apoio dos ministros do Evangelho, ela decidiu lutar pela restauração de seu casamento. “Em nenhum momento, pus meu esposo para fora de casa. No entanto, continuei colocando meus sentimentos no altar do Senhor, pois sabia que precisava aprender a perdoar”, assume.

O caminho até o perdão foi árduo e doloroso, porém ela permaneceu firme. “Meu marido me pediu perdão, mas eu não conseguia conceder. Foi uma luta espiritual muito grande, e eu sofri bastante. Entretanto, em dado momento, entendi que meu coração precisava de uma limpeza, e a única forma de isso acontecer era perdoando.” Enquanto Paola se dedicava às campanhas de jejum e oração, o esposo dela decidiu frequentar os cultos semanalmente e lutar pela reconstrução do lar. “Deus limpou o meu coração e restaurou a minha família. Hoje, servimos juntos ao Senhor”, alegra-se Paola.

De acordo com a psicóloga Tereza Barcellos Vaz, estudos afirmam que quando o indivíduo perdoa, o efeito no cérebro é imediato, promovendo alívio, reduzindo a pressão arterial e a frequência cardíaca.

A psicóloga Tereza Barcellos afirma: “Com a liberação do perdão, ocorre a dádiva de uma vida mais tranquila e serena” Imagem: Arquivo Pessoal

“Com a liberação do perdão, ocorre a dádiva de uma vida mais tranquila e serena. A mágoa, o rancor e o ressentimento liberam hormônios que prejudicam o organismo, além de gerar doenças psicossomáticas, provocando, inclusive, uma visão distorcida sobre si e sobre os outros”, explica a especialista, que é casada com o Pr. Anderson Vaz, líder da Igreja da Graça em Campo Bom (RS).

Tereza afirma que a disposição para perdoar reduz significativamente os sintomas de ansiedade e depressão. “O perdão está totalmente relacionado à saúde mental e ao bem-estar físico. A liberação dele está ligada ao próprio “eu”, portanto não tem a ver com o ofensor. Trata-se de uma decisão pessoal e intransferível, e os efeitos são de grande relevância, pois o benefício é maior a si próprio”, ressalta. A terapeuta destaca ainda outro ponto pouco explorado quando o assunto é perdoar. “O rancor auxilia geneticamente no processo de envelhecimento. Acredito que ninguém deseja envelhecer de forma rápida.” Segundo ela, é necessário se comprometer com a decisão do perdão, porque o evento que causou a mágoa não será esquecido. “O ofendido deve se firmar nas razões de suas reflexões e nas análises que fez ao tomar tal decisão. Sendo assim, caso relembre a experiência vivenciada, será de modo indolor.”

De acordo com o Missionário R. R. Soares, quem não libera perdão está retendo as bênçãos. Quando você se acerta com quem lhe deu prejuízo, os anjos de Deus podem trabalhar ao seu lado. A Bíblia diz que os anjos do Senhor ficam ao redor daqueles que temem a Deus, que respeitam a Palavra, disse em um vídeo publicado no YouTube. Ele continuou a ministração: Ore a Deus para que Ele providencie o momento em que vocês poderão se acertar, mas não demore muito, porque essa vida é passageira, ensinou o líder.

Kellen Christian Lobo Ramos, 31 anos, experimentou o cuidado do Pai celestial nessa área. A administradora não conseguia ter uma boa relação com a cunhada, e a tensão entre as duas estava cada vez mais desafiadora. “Sempre tivemos divergências, pois temos opiniões, costumes e atitudes diferentes, e vivíamos discutindo e tendo atritos. Era muito cansativa a convivência”, conta Kellen. Casada há 13 anos, ela relata que, desde o começo da união, teve dificuldades de conviver com a irmã do esposo. Há dois anos, entretanto, houve um desentendimento grave, e elas deixaram de se falar. “Nós dissemos muitas coisas ruins uma para outra e nunca mais nos falamos”, recorda-se.

A administradora Kellen Christian: “Jesus mudou meu coração, e aprendi o valor do perdão” Imagem: Arquivo Pessoal

Entretanto, isso mudou no último Dia das Mães. Kellen passou mal e precisou ser internada. Foram 32 dias entubada na UTI e, quando acordou do coma, ela foi surpreendida pela presença da cunhada. “Ela me pediu perdão, e eu também me desculpei. Naquele momento, entendemos que, independentemente das diferenças, éramos uma família e tínhamos de estar sempre unidas”, emociona-se a administradora, que é membro da IIGD em Cáceres, interior de Mato Grosso (MT). “Foi preciso um momento de fragilidade como aquele para que a gente pudesse se reconciliar, voltar a se falar e perceber o que realmente é importante na vida. Hoje, mantemos uma boa relação e conversamos com frequência. Além disso, enquanto eu estava no hospital, ela fez bastante coisa por mim. Sou grata a minha cunhada por tudo. Entendi que eu tinha de amadurecer e que muito em mim também precisava ser mudado. Agora, estou em paz, só tenho alegria! Jesus mudou meu coração, e aprendi o valor do perdão.”

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