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Por Marcia Pinheiro, do Ongrace
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A comunidade cristã tem diminuído rapidamente nos territórios palestinos. Ao menos um terço dos cristãos locais fugiu ou morreu desde que o conflito com Israel se intensificou em outubro de 2023. “Restaram apenas 650 cristãos”, conta Elias Najiar, um cristão em Gaza que teme pelo futuro da igreja no país e em todo o Oriente Médio.
“Havia mais de mil cristãos em Gaza antes da guerra. Agora, um ano depois, restam apenas 650”, explica Elias. Segundo a organização Portas Abertas, o cristão nasceu em Gaza e se mudou para Belém com a família em 2007 e permanece em meio à crise que causou a morte de 33 cristãos na região tanto por causa dos bombardeios e tiroteios quanto pela falta de medicamentos disponíveis pelas restrições causadas pela guerra.
Estima-se que mais de 300 cristãos foram obrigados a fugir para o Egito ou para outros países. “É muito difícil. Quase todos os cristãos deixaram suas casas na segunda semana de outubro de 2023 e se refugiaram nas igrejas locais”, afirma Elias. Ele trabalha para a Sociedade Bíblica e mantém contato próximo com cristãos nas zonas de conflito de Gaza.
“A situação é muito perigosa. As pessoas estão morando em salas de aula, duas a três famílias em um único espaço. Elas ficam assustadas quando ouvem aviões, foguetes ou tiros, porque lembram de toda a morte e destruição. Elas sabem que suas casas foram destruídas e esperam por um futuro que desconhecem”, diz Elias.
Esperança que permanece
Até mesmo itens de necessidades básicas estão escassos. Sem trabalho, as pessoas também não têm renda e os preços aumentam rapidamente. “Um quilograma de tomate corresponde a 30 dólares. Apesar de tudo, quando converso com eles, tenho esperança. É importante para nós entendermos quão difícil é a situação e que apenas pela fé eles podem resistir. Creio que Deus está trabalhando na igreja que restou em Gaza”, afirma Elias.
“A região se tornou um exemplo do papel da igreja. Quando as casas das pessoas não eram mais seguras e não havia outras opções, elas ficaram abertas à igreja, a receberem ajuda e conheceram a Jesus”, disse Elias. Os complexos da igreja se tornaram verdadeiros “oásis no deserto” quando a guerra se agravou. Elas ficaram abertas 24 horas por dia, permitiam que as pessoas descansassem e ofereceram cuidado médico, espiritual e mostraram as mãos de Deus estendidas para socorrer a população em Gaza”, diz Elias.
Com um futuro incerto, Elias acredita que muitos outros partirão. Ele percebe que especialmente as famílias com crianças não conseguem mais permanecer. “Imagine alguém que perdeu tudo e terá que recomeçar do zero. É provável que prefira recomeçar em um novo país do que no lugar em que pode perder tudo de novo”, comenta.
Ao mesmo tempo, ele reconhece a necessidade de ajuda. “Não podemos abandoná-los. Eles passarão por necessidades. Precisamos estar perto para ajudá-los a se reerguerem. Mantenham o Oriente Médio em suas orações e clamem pelo fim da guerra”, conclui Elias.
Israel e os territórios palestinos estão na lista de países perseguidos. Essas áreas correspondem às 28 nações que dão continuidade à Lista Mundial da Perseguição 2024, criada pela organização Portas Abertas. Nesses países, de colocação de 51ª a 78ª, os cristãos enfrentam perseguição severa.
Israel está em 78º lugar e os territórios palestinos ocupam a 60ª colocação.