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11/11/2024Presidente de extrema direita diz ter resgatado valores como a coragem e o amor ao próximo
Por Marcia Pinheiro, do Ongrace
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El Salvador tem se mostrado um país cada vez mais conservador. Desde 2022, o regime do presidente Nayib Bukele, reeleito em 2024, tornou-se mais rígido. Ele apresenta uma eficaz repressão às gangues e já conseguiu atingir a maior população carcerária do mundo. Calcula-se que mais de 1% dos 6,5 milhões de salvadorenhos estejam atualmente em prisões do país. No entanto, órgãos internacionais de direitos humanos acusam essa política de segurança de desprezar o Estado de direito, mandando pessoas inocentes para a prisão, algo ainda não comprovado oficialmente.
O menor país da América Central, com 6,3 milhões de habitantes, tem a maior prisão da América. O prédio, cercado por um muro de 11 metros de altura, dividido em oito alas de 6.000 m2, foi inaugurado em fevereiro de 2023. Trata-se do Centro de Confinamento do Terrorismo, ou Penitenciária de Tecoluca, localizado a 74 km de San Salvador. Ele foi projetado para acomodar 40 mil detentos.
“Mais um dia sem homicídios”, tuíta regularmente o homem que tem 5,8 milhões de seguidores no X. O “Rei Filósofo”, como ele se autodenomina, está certo de ter atualizado valores como a coragem e o amor ao próximo: “A glória é de Deus”, diz o mandatário.
Em setembro de 2023, Bukele, à frente do partido Nuevas Ideas, manifestou a sua satisfação pela redução da criminalidade no país, durante discurso na tribuna da ONU: “O país que ontem era o mais perigoso do mundo tornou-se o mais seguro da América Latina”, declarou. Recentemente, na revista Time, também saudou o fato de as forças públicas, graças ao regime de emergência estabelecido após 87 assassinatos em três dias em fevereiro de 2022, terem detido desde então 81 mil pessoas.
O modelo de segurança salvadorenha poderá ser seguido pela Argentina em breve. “De El Salvador não ouvíamos nada além de morte e destruição. Desde que Nayib Bukele assumiu a presidência, isso mudou de forma impressionante”, disse a ministra da Segurança Nacional da Argentina, Patricia Bullrich, momentos antes de entrar em uma reunião com o presidente salvadorenho. “De um dos países mais inseguros, passou a ser um dos mais seguros do mundo”, declarou a ministra.
Não à ideologia de gênero
Outra marca do conservadorismo desse país centro-americano é o combate à ideologia de gênero. Materiais didáticos que ensinam ideologia de gênero estão proibidos nas escolas públicas de El Salvador, desde 28 de março. A decisão foi anunciada pelo ministro da Educação, José Mauricio Pineda. “Confirmado: removemos todo rastro de ideologia de gênero das escolas públicas”, publicou Pineda em suas redes sociais.
A proibição ocorreu poucos dias após Nayib Bukele vencer as eleições presidenciais com 84% dos votos. O presidente se manifestou contra a inclusão do tema nos currículos escolares durante sua campanha. Ele também defendeu o direito dos pais em saber o que os filhos irão aprender na escola. Bukele acredita que esse ambiente deve “ensinar coisas úteis para sua vida” não “coisas contrárias à natureza, a Deus e à família”.
Perfil
Nayib Bukele se autodeclara um político de extrema direita. Ele foi eleito em 2019 com a promessa de governar com mão de ferro e, um ano depois, autorizou a invasão das Forças Armadas ao Congresso. Em 2021, promulgou leis que enfraqueceram a independência da Suprema Corte, permitindo intervenção do Executivo no Judiciário.