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27/01/2025Famoso escritor e biólogo evolucionista Richard Dawkins, autor de Deus, um delírio, rompe com entidade ateísta
Carlos Fernandes, do Ongrace

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O ano de 2025 começou com sérios ruídos entre os ateus. Figura de proa do movimento que nega a existência divina, o biólogo britânico Richard Dawkins anunciou, no início de janeiro, seu rompimento com a Fundação para a Liberdade da Religião (FFRF, na sigla em inglês), entidade conhecida mundialmente por sua apologia ao ateísmo. Dawkins se disse inconformado com a censura de um artigo de sua autoria, no qual defende: o sexo de um indivíduo é determinado no momento da concepção, e o gênero é biológico.
O autor do best-seller Deus, um delírio acusou a FFRF de se curvar à “histeria” da cultura do cancelamento e tentar impor uma espécie de “religião”, na qual a opinião dos transgêneros é intocável. Como biólogo, Dawkins não abre mão da realidade genética e rejeita os conceitos fundamentados apenas em ideologia.
O escritor inglês já estava na mira da militância desde 2021, quando teve o prêmio de humanista do ano, a ele conferido em 1996, cassado. A revogação da honraria foi motivada por Dawkins dizer que considerar um homem biológico como mulher é um aspecto “puramente semântico”: “Se a questão é por cromossomos, a resposta é não”, afirmou.
E Dawkins não é o primeiro estudioso renomado a deixar a entidade. Antes dele, o biólogo americano Jerry Coyne teve seu artigo, intitulado Biologia não é intolerância — no qual defende a definição biológica de quem é homem ou mulher “com base no tipo de gameta” —, retirado do site da FFRF com um pedido de desculpas. Acusado de trasnfóbico por militantes LGBTQIAP+, o cientista disse que a decisão tinha muito a ver com a ideia de religião ou seita. “Não é transfóbico aceitar a realidade biológica do sexo binário e rejeitar conceitos fundamentados em ideologia”, sentencia o autor.