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– Imagem: Nadeem Khawar / Adobe Stock
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Em pleno século 21, uma antiga e odiosa prática continua sendo realidade em várias partes do mundo: a exploração do trabalho em condições análogas à escravidão. Em alguns casos, as vítimas são exploradas em função de sua confissão religiosa, como ocorre com mais de cem trabalhadores cristãos obrigados a atuar em olarias no Paquistão. Eles são um dos alvos de uma campanha internacional mantida pela Global Christian Relief (GCR), que apoia seguidores de Jesus perseguidos em dezenas de nações onde o livre exercício da fé é proibido.
A ideia da ONG, sediada na Califórnia, é ousada e consiste na compra dos escravizados a fim de libertá-los. Isso porque essas pessoas, que são obrigadas a pagar pelos alojamentos degradantes nos quais são mantidas e pela precária alimentação que recebem, contraem empréstimos para custear as despesas pessoais. Dessa maneira, são coagidas a trabalhar por remunerações diárias irrisórias, equivalentes a 1,50 dólares americanos (cerca de 10 reais), para quitar dívidas impagáveis, mantendo, assim, o círculo vicioso de exploração. A GCR se propõe a quitar os débitos alegados pelos exploradores por meio de doações de mantenedores ao redor do mundo.
Segundo relatos das vítimas, a penosa jornada de trabalho na fabricação de tijolos começava antes do amanhecer e se estendia até à noite, praticamente sem interrupções. No ano passado, a Global Christian Relief libertou 50 famílias nesse contexto no Paquistão, e elas passaram a receber atendimento médico e a ter acesso a cursos de formação profissional e empreendedorismo.
Cada trabalhador resgatado custa à agência cerca de 800 a mil dólares americanos (algo em torno de 5.000 e 6.500 reais). Segundo o diretor-executivo da instituição, Brian Orme, a iniciativa vai muito além de livrar famílias dos trabalhos aos quais são submetidas. “Quando entregamos esses valores às vítimas, não estamos apenas libertando-as das dívidas, estamos quebrando as cadeias geracionais de escravidão”, explica ele.