
Cresce o interesse pelo estudo da Teologia
22/10/2025Por Carlos Fernandes, do Ongrace

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Outrora uma das instituições de maior respeito e credibilidade no Brasil, os Correios atravessam uma crise sem precedentes em sua história tricentenária. Com prejuízos de 4,36 bilhões de reais no primeiro semestre deste ano, a estatal busca um empréstimo de 20 bilhões de reais, com o objetivo de sanar as contas, reequilibrar suas operações e garantir sustentabilidade e modernização. A meta é voltar a gerar lucro — o que, segundo as projeções mais otimistas, só deve ocorrer em 2027.
O déficit atual é mais que o triplo registrado no mesmo período do ano passado, estimado em 1,3 bilhão de reais entre janeiro e junho de 2024. O rombo encerrou um ciclo de cinco anos de resultados positivos, impulsionados principalmente pela expansão de e-commerce, que ganhou fôlego a partir da pandemia da covid-19. Em 2021, por exemplo, os Correios alcançaram o melhor resultado de sua série histórica, com lucro de 2,3 bilhões de reais, em parte devido à execução de um Programa de Demissões Voluntárias (PDV). Atualmente, a empresa mantém um quadro em torno de 82 mil funcionários, um dos maiores do país.
Contudo, ingerência política, modelo de gestão ultrapassados e práticas de mercado defasadas arrastaram a empresa — organizada nos moldes atuais desde 1969 — à crise. Analistas apontam ainda o congelamento de tarifas e aumento de despesas patronais com o Postalis, o fundo de previdência dos funcionários, como fatores que agravaram a situação. No cargo há menos de um mês, o presidente da estatal, Emannoel Rondon, afirmou à Agência Brasil que um dos motivos do desequilíbrio foi o aumento da concorrência no comércio eletrônico: “A empresa não se adaptou adequadamente à nova realidade. Temos perdido competitividade,” admite.
Embora detenham, praticamente, o monopólio dos serviços postais no país, os Correios também enfrentam queda no lucro gerado pela entrega de encomendas. Uma delas foi a implantação da chamada “taxa das blusinhas”, que passou a tributar compras internacionais de pequeno valor, reduzindo a demanda. A medida impactou a cadeia logística, afetando repasses e pagamentos a agências conveniadas, que prestam serviço de recebimento e despacho de encomendas, e as transportadoras, que paralisaram ou reduziram suas operações.
O próprio gigantismo da empresa dificulta a adoção de mudanças estruturais. Presente em todos os 5.568 municípios brasileiros, os Correios contam com mais de dez mil agências de atendimento, oito mil unidades operacionais aproximadamente, 23 mil veículos e centenas de imóveis — muitos deles fechados ou subutilizados. A venda de parte dessas propriedades integra os planos de recuperação apresentados no dia 15 de outubro. Outras medidas anunciadas foram o corte de despesas operacionais e administrativas, a diversificação de receitas e um novo PDV.