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25/10/2025
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A fé conquista espaço nas universidades

Por Carlos Fernandes, do Ongrace

Estudantes cristãos têm ocupado espaços nas universidades para expressar a própria fé, mas a relação entre religião e vida acadêmica exige cuidados – Imagem: Alphaspirit / Adobe Stock

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Por todo o Brasil, estudantes cristãos têm se reunido nas universidades para encontros de fé nos quais os livros didáticos dão lugar à Bíblia, e o ambiente acadêmico abre espaço para um momento de adoração, leitura e oração. Chamados por alguns de “encontrões”, essas reuniões podem ser de grande porte ou realizadas em pequenos grupos — e têm despertado tanto a atenção que já chegaram à imprensa. Porém, a forma como a mídia tem abordado o tema nem sempre apresenta o fenômeno sob uma ótica positiva. De caráter orgânico, os encontros reúnem, periodicamente, grupos de alunos dispostos a praticar suas convicções espirituais no contexto onde estão inseridos.

Nessas ocasiões, não há formalidade nem liturgia definida. A ideia é que cada um abra o coração para o Senhor, mantenha comunhão com os irmãos em Cristo e, acima de tudo, revele a luz do Evangelho. É o caso do projeto Oremos, mantido por alunos da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). “Com as demandas da vida acadêmica, ficamos sem tempo para nada; mas, para Deus, precisamos reservar um tempo — e o Oremos nos ajuda nisso”, conta Olivia Mai Yamaoka, estudante de Biomedicina. Durante o período letivo, ela e os amigos cristãos se encontram duas vezes por semana, e a dinâmica é simples: “Geralmente, é um louvor com violino, e, depois, compartilhamos as nossas devocionais”, explica.

Para Olivia Yamaoka, estudante de Biomedicina da UNIRIO, as reuniões suprem demandas importantes – Imagem: Arquivo pessoal

Recém-chegada à universidade, Olivia ainda está ajustando seus horários para conciliar as atividades do grupo, mas reconhece a importância da presença cristã no ambiente acadêmico. Para ela, esses encontros promovem inclusão e favorecem o conhecimento de outras pessoas sobre o assunto. Tudo, claro, com muito respeito. Afinal, há críticas a esse tipo de exercício da fé nas instituições de ensino, ainda mais por se tratar de universidades públicas, como a UNIRIO. “Cada um tem seu gosto, sua cultura e religião. Se isso não atrapalhar nenhuma atividade da faculdade, não há problema algum”, afirma. “Nós, cristãos, não temos o poder de julgar ninguém. Nossa missão é amar e apresentar Deus a todos, sem brigar nem nada.”

Embora pareça novidade, a prática de expressar a fé no ambiente universitário é antiga. A Aliança Bíblica Universitária do Brasil (ABUB), por exemplo, surgiu em 1957, trazendo para o país a visão de um movimento internacional cuja ênfase é a de estudante alcançando estudante. “Desde a década de 1980, universidades em todo o Brasil têm sido palco desses encontrões”, observa Dâmocles Vinícius Tavares, mestre em Teologia e professor da Faculdade Teológica Sul-Americana e da Secretaria Municipal de Educação de São Luís (MA). “Essa iniciativa não apenas difunde o conhecimento das diretrizes do Evangelho, como também promove a valorização da ética do Reino como um elemento crucial para o desenvolvimento profissional futuro”, opina.

Para o educador, em meio a tantas ideologias secularistas, a Boa Notícia é um porto seguro para uma geração que deseja viver com propósito e compromisso para fazer diferença. É com essa motivação que o grupo de alunos cristãos se reúne duas vezes por semana na Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro. “Temos conseguido transmitir os valores positivos do cristianismo de maneira genuína, apresentando os ensinamentos de Jesus Cristo por meio do amor e do respeito”, destaca Amanda Vicente Alonso, estudante do oitavo período de Psicologia.

Os encontros, que buscam ser agregadores, são abertos a qualquer interessado e duram cerca de uma hora, com louvores, oração e uma breve reflexão bíblica. “Temos o cuidado de agir com sensibilidade e acolhimento, sem impor crenças nem incomodar ninguém”, enfatiza Amanda. O grupo, criado há dois anos, tem fortalecido os participantes na missão de evangelizar os colegas com sabedoria. “Ainda mais em um ambiente como a universidade, que carece do amor de Jesus”, ressalta a jovem.


Amanda Alonso (à frente), com o grupo de estudantes evangélicos da PUC-Rio: “Temos o cuidado de agir com sensibilidade e acolhimento”
– Imagem: Arquivo pessoal

Amanda reconhece, contudo, que a preocupação com a diversidade no espaço acadêmico é legítima. “Nossas reuniões acontecem em salas vazias e mais afastadas. Durante o louvor, evitamos cantar alto justamente para não interferir nas aulas ao redor.” Ainda assim, a graduanda defende que o verdadeiro sentido da laicidade está no respeito mútuo entre as diferentes crenças e na liberdade de cada pessoa viver sua fé de modo consciente e respeitoso dentro da universidade.

No Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em São José do Rio Preto, a estudante de Pedagogia Mariana Furigo Costanari também se reúne com colegas cristãos para estudar a Bíblia. A atividade, promovida pela ABUB, é aberta ao público e, segundo a jovem, contribui para desmistificar preconceitos acerca do cristianismo. “Mesmo assim, uma professora já manifestou ser contra esse tipo de encontro”, comenta Mariana.

Integrante do grupo Oremos, a futura pedagoga Mariana Costanari (de gorro) defende a pluralidade no espaço acadêmic – Imagem: Arquivo pessoal

Os trabalhos acontecem semanalmente, e o grupo realiza outras programações fora da universidade em caráter mensal ou bimestral. “O responsável pelo estudo faz perguntas que induzem o entendimento do texto e sua aplicação”, explica a estudante. Além de fortalecer a fé dos presentes, ela acredita que, por ser um local plural, o qual abriga tantas ideologias e expressões de religiosidade, a universidade deve acolher e incentivar manifestações de fé. “Laicidade não significa ateísmo”, sentencia.

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