
Fé e bem-estar: o cristianismo no auxílio do envelhecimento saudável
13/11/2025Por Carlos Fernandes, do Ongrace

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As atenções do mundo estão voltadas para o Brasil. A cidade de Belém se tornou o epicentro de decisões que podem impactar toda a humanidade. De 10 a 21 de novembro, a capital do Pará sedia a Conferência das Partes, a COP30, reunindo delegações de 194 países, com governantes, diplomatas, cientistas, empresários, ativistas e integrantes de organizações sociais, além de líderes e empreendedores ambientais. Trata-se da maior conferência internacional sobre meio ambiente e mudanças climáticas, cujo principal objetivo é manter a Terra habitável para os humanos e todas as formas de vida. Sustentabilidade é a palavra de ordem – hoje e para as futuras gerações.
O evento é promovido anualmente pela Convenção das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC) e acontece, pela primeira vez, na Amazônia – região de maior biodiversidade do planeta e considerada um santuário ecológico global. O encontro foi precedido pela Cúpula do Clima, realizada na semana anterior, também em Belém, e que reuniu chefes de Estado, de governo e autoridades de 70 nações. A COP30 ocorre sob a pressão do agravamento do aquecimento global — fenômeno apontado como a causa de catástrofes climáticas que se multiplicam em todo o mundo. Provocado, principalmente, pela emissão de gases como o dióxido de carbono, que levam ao efeito estufa, o aumento da temperatura média no planeta alcançou, em 2024, o maior índice em 175 anos de monitoramento.
Tão grandiosa quanto a COP30 é a diversidade de pautas e agendas debatidas nesses 12 dias. Como país anfitrião, o Brasil protagoniza boa parte das discussões. Uma das principais é a proposta de financiamento internacional para promover a transição energética. Na mesa, a ideia é substituir, gradativamente, o uso de combustíveis fósseis – grandes poluidores – por energias limpas, como a solar e a eólica. Outros temas que também estão sendo debatidos são: tecnologias de baixo uso de carbono, preservação de florestas e ecossistemas e justiça climática.
As propostas envolvem ações conjuntas de governos, setor privado e sociedade civil. Chamada de “COP da implementação”, esta edição promete mais prática e menos teoria. O foco está no cumprimento efetivo dos compromissos já assumidos, especialmente o Acordo de Paris, firmado há dez anos. O tratado previa apoio financeiro, tecnológico e de capacitação, por parte dos países mais ricos, a nações em desenvolvimento para reduzir emissões de gases e implementar medidas de proteção climática.
Entretanto, pouco se avançou nesse sentido, sobretudo entre os principais poluidores globais — China, Estados Unidos e Índia —, responsáveis por quase 70% das emissões totais, em sua maioria provenientes da industrialização, da geração de energia e da queima de combustíveis. Os dois gigantes asiáticos relutam em adotar medidas mais ousadas e que interfiram em sua produção, e os EUA não enviaram sequer representantes à COP30. Como havia feito em seu governo anterior (2017 – 2020), o atual presidente americano, Donald Trump, retirou o país do Acordo de Paris e anunciou a retomada de investimentos na prospecção de petróleo e no incremento de matrizes energéticas fundamentadas em combustíveis fósseis e energia nuclear.

Esperança para o futuro próximo
Apesar dos impasses, a COP30 reacende a esperança de que um outro futuro não só é necessário, como também possível. Paralelamente aos eventos oficiais, reuniões de organizações não governamentais, coletivos voltados à ecologia e ativistas ambientais têm sido promovidas. Um dos maiores pontos de encontro será a Cúpula dos Povos, realizada de 12 a 16 de novembro na Universidade Federal do Pará (UFPA), com expectativa de reunir 15 mil participantes para debates, palestras e projetos. No mesmo espaço, acontece também a Conferência da Juventude do Clima, com jovens de diversos países discutindo o futuro do planeta e trocando experiências sobre ações climáticas. Outro destaque é a participação da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira, que deve levar dez mil indígenas de diferentes etnias ao evento.
Para quem se envolve com pautas ambientais, estar em Belém é mais do que uma oportunidade – é uma responsabilidade. Ainda mais quando a sustentabilidade e a defesa do meio ambiente são compreendidas como formas de glorificar a Deus. O Pr. Josias Vieira Kaeté, da Igreja Batista em Coqueiral, no Recife (PE), lidera o movimento Nós na Criação, que participa de encontros da COP30. Ele atua na conscientização dos evangélicos e na implantação de pastorais ambientais e núcleos de estudo sobre o tema nas igrejas. “Defendemos uma maneira de viver a fé e a prática cristã em harmonia com a criação”, aponta.
Com ancestralidade indígena, Josias relata que seu envolvimento com a temática vem de berço. Na vida adulta, percebeu que essa causa poderia integrar seu ministério. Bacharel e mestre em Teologia, com especialização em Educação Ambiental e Cultural, é doutorando em Ciências da Religião. “Os púlpitos não tratam da questão ambiental como parte da nossa vida espiritual. A crise climática está estampada em nossa realidade, mas ausente dos espaços de formação teológica”, defende. Por isso, em suas mensagens e palestras, ele destaca como o pecado pode afetar negativamente a criação. “Não podemos pensar que, para Jesus voltar, o planeta precisa ser destruído. O livro de Gênesis registra que o homem foi colocado no jardim do Éden para cultivá-lo e lavrá-lo, e não para explorá-lo. A Bíblia nos convida à reconciliação com o Criador — e isso passa por uma reconciliação nossa com tudo o que Ele criou”, assevera.




