Essa resposta de Jesus deixa claro que o sofrimento não tem a ver com o fato de uns serem considerados mais pecadores do que outros. Quem pensa que o “castigo” vem de imediato pelo que a pessoa fez de errado ainda não deixou as teorias da antiga religião. Deus não começou o julgamento que lançará o pecador irreconciliável no suplício eterno. Ora, Ele é amor, por isso não está exercendo o Seu direito de penalizar as pessoas pelas suas obras más (Ec 12.14; Hb 9.27; 2 Pe 3.9).

É possível que o jovem rico (Mc 10.17-22), por exemplo, tenha feito “birra” com Deus, não seguindo a instrução de vender os seus bens e dar o valor apurado aos pobres, porque não queria dividir com os outros a riqueza herdada dos pais. Quem sabe, ele até tenha se recusado a ir à sinagoga, por não aguentar mais ouvir as “indiretas” dos pregadores da época sobre isso. Um dia, porém, alguém lhe contou a respeito do que Jesus fazia: curava enfermos, libertava cativos, perdoava pecadores arrependidos.

Ao ouvir sobre o Salvador, talvez o jovem tenha perguntado a alguém se Ele cobrava alguma coisa pelas bênçãos e se pregava como os doutores da Lei, e a resposta foi um não. Então, começou a indagar mais sobre o Filho de Deus e, como ninguém tinha nada contra Cristo, o rapaz resolveu procurá-Lo e, se fosse verdade o que lhe falaram, poderia voltar a frequentar a casa de Deus e conservar toda a sua prosperidade.

Sabendo que o Mestre passaria pela sua cidade, o jovem se preparou para encontrá-Lo, orando e planejando o que Lhe perguntaria, embora, no fundo da sua alma, soubesse que o que ouvira na sinagoga vinha dos Céus. Quando o dia chegou, ele foi correndo ao encontro de Jesus e indagou sobre como proceder para ser salvo. Talvez, o que mais o incomodava e machucava seu coração fosse a possibilidade de se perder eternamente.

Até as palavras ditas ao Senhor foram pensadas para não deixar dúvida: Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna? (Mc 10.17b). E Jesus lhe disse: Por que me chamas bom? Ninguém há bom senão um, que é Deus. Você sabe os mandamentos? (v. 18,19a), e começou a enumerá-los até que o rapaz O interrompeu: Mestre, tudo isso guardei desde a minha mocidade. Percebendo sua tola astúcia e amando-o, Jesus retrucou: Falta-te uma coisa: vai vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem e segue-me (v. 22b).

O Mestre não era nada do que o jovem pensava, pois respondeu bem diferente do que ele imaginou, propondo o mesmo que o Pai ordenara: que vendesse seus bens e os desse aos pobres. Ao ouvir a resposta de Jesus, o moço pensou: “Ele é Deus e quer tirar de mim o que meu pai me deixou”. Isso não era verdade. Deus queria lhe dar a salvação, mas ele só pensava nas suas posses. Se tivesse obedecido ao Senhor, teria ficado mais rico ainda! Não tire conclusões apressadas nem queira enganar Deus, pensando que Ele dirá a “mentira” que você deseja ouvir! Antes, obedeça-Lhe, crendo que Ele tem o melhor para lhe dar!

Em Cristo, com amor,

R. R. Soares