A declaração de Abraão feita a Ló para resolver a situação entre eles prova que o patriarca era um servo do Senhor comprometido a honrá-Lo. Abraão não tentou convencer o sobrinho da maldade dos seus pastores nem do problema que arrumaram. Ele sugeriu que não houvesse contenda entre eles, pois eram como irmãos, pessoas do mesmo sangue, servindo ao mesmo Deus. Então, ao colocar fim à disputa nos seus termos, Abraão provou que honrava a Verdade acima de tudo.

Qualquer dilema entre irmãos na fé não deve debatido e julgado entre incrédulos, como Paulo orientou na sua primeira carta aos Coríntios: Ousa algum de vós, tendo algum negócio contra outro, ir a juízo perante os injustos e não perante os santos? (1 Co 6.1). Há culpa em se procurar justiça entre os injustos. Será que um juiz não crente se converteria se visse um cristão fazendo o que os ímpios fazem?

Muitos não têm a fé bíblica, e sim oportunista. Querem ir para o Céu, como a maioria dos perdidos, mas, para conseguir algo fácil, comportam-se igual a quem nunca ouviu a mensagem de Jesus: Na verdade, é já realmente uma falta entre vós terdes demandas uns contra os outros. Por que não sofreis, antes, a injustiça? Por que não sofreis, antes, o dano? (1 Co 6.7). Misericórdia! Vivemos entre feras!

Cristo nos exortou a buscarmos a recompensa que vem dEle, e não de homens que nem invocam a Deus: Ao que te ferir numa face, oferece-lhe também a outra; e ao que te houver tirado a capa, nem a túnica recuses (Lc 6.29). Por mais que você se ache com razão, o Senhor tem a maneira certa de resolver a questão e apaziguar o ânimo dos irmãos. Quando agimos segundo as Escrituras, glorificamos o Pai.

Abraão poderia ter agido de modo irado com Ló, dizendo que o alimentara, vestira e tivera gastos com ele, mas preferiu propor-lhe uma separação amigável. O maior prejuízo de Ló veio depois, quando já morava em Sodoma, e a cidade foi atacada pelo exército dos cinco reis de Canaã. Ló foi levado cativo, mas seu tio, ao ouvir sobre o ocorrido, reuniu 318 servos nascidos em sua casa e foi lutar para libertá-lo. Abraão obteve a vitória, porque andava com Deus (Gn 14.1-17).

Quando os anjos avisaram Abraão de que Sodoma, Gomorra, Admá, Zeboim e Zoar seriam destruídas, o patriarca intercedeu pelas pessoas justas que lá viviam (Gn 18.17-33). No seu clamor, ele perguntou se Deus destruiria tais cidades caso houvesse nelas dez justos. Na mente de Abraão, Ló, sua mulher, suas duas filhas, os noivos delas e alguns dos servos do sobrinho eram justos, mas, quando as cidades foram aniquiladas, ele viu que não havia nem dez justos lá que impedissem o juízo de Deus.

A proposta de Abraão talvez tenha sido a mais justa que o sobrinho recebera. Ló continuaria com os seus bens e partiria em paz. Certamente, o patriarca não queria que os habitantes daquela terra, cananeus e ferezeus, pensassem que ele e o sobrinho não eram tão tementes a Deus assim pelo fato de brigarem. Ló gostou da oferta do tio e se separou dele. No final, viu que fora mau para com Abraão. Saiba tomar a melhor decisão no Senhor!

Em Cristo, com amor,

R. R. Soares