Embora tenha estado na cruz, ainda faltava a última batalha para Cristo: tirar do diabo o poder que este havia roubado de Adão, com o qual oprimia a humanidade. O Salvador foi até o fim na Sua missão de dar ao homem a liberdade completa: E, despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo (Cl 2.15). Cristo tirou do Inferno a capacidade de nos fazer mal. Estamos livres!

O Filho de Deus nunca pecou, mas, no momento em que recebeu as nossas iniquidades, doenças e enfermidades, o Pai O abandonou, pois não podia ficar ao lado dEle. O Altíssimo é a Santidade das santidades, o Fogo Consumidor. Então, se permanecesse ao lado do Filho, Ele O teria fulminado. Quando Deus O deixou, o Salvador exclamou: E, perto da hora nona, exclamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lemá sabactâni, isto é, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? (Mt 27.46). Que hora!

Na cruz, Jesus morreu duas vezes. Na primeira, ocorreu a morte espiritual, a separação de Deus. Veja, Cristo é o segundo Adão. O primeiro morreu ao desobedecer a Deus, comendo do fruto proibido (Gn 3). Na segunda, os pecados e os males foram postos sobre o Salvador. Naquele momento crucial, Jesus disse que tinha sede e lhe deram vinagre: E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito (Jo 19.30). Então, Ele desceu ao Inferno (veja Isaías 63).

O profeta falou sobre a luta travada por Cristo contra o diabo, a fim de despi-lo da autoridade que, na verdade, era nossa, mas foi usurpada de Adão quando este caiu em transgressão: Quem é este que vem de Edom, de Bozra, com vestes tintas? Este que é glorioso em sua vestidura, que marcha com a sua grande força? Eu, que falo em justiça, poderoso para salvar (Is 63.1). Aleluia!

Ninguém estava com o Senhor na Sua ida ao Inferno, nem mesmo um anjo. Ele tinha de conquistar a nossa vitória por Si mesmo: Eu sozinho pisei no lagar, e dos povos ninguém se achava comigo; e os pisei na minha ira e os esmaguei no meu furor; e o seu sangue salpicou as minhas vestes, e manchei toda a minha vestidura (Is 63.3). Essa linguagem simbólica expressa a batalha feroz contra o reino da morte.

O Filho havia deixado toda a Sua glória como Deus e veio como homem para executar o plano do Pai. Sendo o único sem pecado, a escolha caiu sobre Ele: Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer (Rm 3.10). Veja que a nossa salvação quase não se realizou. O Santo veio nos santificar com Seu sangue e, em breve, voltará para nos levar ao Céu!

Jamais devemos perder tempo com assuntos religiosos e cultos que promovam alguém como um intermediário entre o Senhor e o homem. Isso nada tem a ver com o Evangelho. Trata-se de uma prática a ser rejeitada pelas pessoas sensatas. O Único a quem podemos glorificar é o Pai celestial, na pessoa do Seu Filho, Jesus. Quem sai dessa verdade se perde no emaranhado religioso e, caso não se volte para a Palavra, permanecerá assim. Misericórdia!

Em Cristo, com amor,

R. R. Soares