
Saúde mental vira tema obrigatório nas empresas
18/04/2025Por Carlos Fernandes, do Ongrace

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O número de pessoas que recorrem à morte assistida no Canadá tem sido um desafio para a sociedade e a Igreja. Desde que a interrupção voluntária da vida foi regulamentada no país, em 2016, as ocorrências chegaram a quase 13 mil no ano passado — e não apenas envolvendo doentes terminais em grande sofrimento físico, como foi estabelecido no início. Essa quantidade de mortes inclui pacientes com diagnósticos de doenças progressivas neurológicas e autoimunes que buscaram a assistência de profissionais de saúde para morrer. O procedimento é realizado em ambiente hospitalar, com a presença de um médico que introduz anestésicos e medicamentos que interrompem os batimentos cardíacos.
Segundo especialistas, o dilema ético e espiritual se agrava na medida em que se estuda, para entrar em vigor este ano, a ampliação da lei canadense para incluir enfermidades mentais no rol das doenças elegíveis. Embora conte com o apoio da maioria dos habitantes daquele país da América do Norte, a morte assistida preocupa parte da população e da comunidade médica do Canadá. Eles questionam a rapidez com que o programa está avançando. Além disso, os temores aumentam conforme surgem relatos de que, em diversos casos, a morte foi usada como forma de escapar de tratamentos caros e penosos, os quais não são mais protegidos pelas redes de saúde e segurança social. “Tornar a morte uma solução fácil prejudica os mais vulneráveis e, na verdade, isenta a sociedade de suas responsabilidades”, alerta a psiquiatra Madaleine Li.
Por sua vez, a Igreja canadense discute o assunto, buscando apresentar respostas bíblicas e sensatas a essa nova demanda. Entretanto, o tema – assim como as pesquisas com células-tronco e a reprodução a partir de células congeladas, que acarreta o descarte de embriões gerados — quase não é tratado nos púlpitos. “O silêncio dos cristãos tem sido ensurdecedor”, reconhece o acadêmico Heidi Janz, estudioso da Ética do Cuidado e das Deficiências. Ele alega que tentou reunir igrejas protestantes e paróquias católicas para que houvesse uma manifestação conjunta contra essa lei, mas lamentou: “Estamos apenas dando de ombros coletivamente.”
A grande procura de pacientes com idade superior a 18 anos em busca desse procedimento já representa 5% dos óbitos registrados no Canadá anualmente – um dado que assusta o capelão anglicano Paul Charbonneau. “Você não pode colocar o gênio de volta na garrafa depois que ele foi liberado”, alerta o clérigo.