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Uma tradição espiritual que remonta ao século 16 pode estar com os dias contados no Reino Unido. Parlamentares progressistas apresentaram uma proposta para abolir as orações que antecedem as sessões diárias da Câmara dos Comuns — equivalente à Câmara dos Deputados no Brasil. A justificativa é que a prática cristã não seria compatível com uma sociedade cada vez mais secular, que valoriza a laicidade do Estado.
O projeto, liderado pelo deputado Neil Duncan-Jordan, do Partido Trabalhista, já havia reunido, até o mês de março, assinaturas de parlamentares trabalhistas e liberais, além de representantes dos conservadores e dos partidos Verde e Nacional Escocês. “Orar no início de um dia de trabalho, conforme as tradições de uma crença específica, não faz sentido nos dias atuais”, defende Jordan, o qual argumenta que o Parlamento, assim como a sociedade britânica, é formado por pessoas de diferentes confissões e por aquelas que não professam nenhuma religião, além de ateus.
Outra fonte de críticas às orações antes das sessões legislativas é a ligação tradicional entre o Estado e a Igreja da Inglaterra — um vínculo iniciado em 1534, na fundação da denominação, cujo chefe, até hoje, é o monarca britânico. “Devoção religiosa deve ser uma escolha pessoal”, destaca Megan Manson, da National Secular Society, organização que defende a separação entre religião e Estado. “Certamente, as orações não deveriam fazer parte dos trabalhos oficiais do Parlamento.”
Esta não é a primeira vez que uma proposta do gênero é lançada no Parlamento inglês. Há seis anos, plano semelhante não avançou. O presidente da Câmara dos Comuns, Sir Lindsay Hoyle, já se pronunciou contrariamente ao projeto. “Não há mal algum em um momento de reflexão para os membros do Parlamento antes do início dos trabalhos”, sustenta.