
Autoescola deixa de ser obrigatória para obtenção de habilitação
11/12/2025Por Carlos Fernandes, do Ongrace

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Desde o início de 2025, o número de endividados vem subindo progressivamente, alcançando o índice mais alto da série histórica, medido pela Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Cerca de 80% das famílias brasileiras estão com a renda comprometida por dívidas, e esse quadro preocupa não apenas os devedores, mas também o sistema financeiro e o governo, já que muitos não têm condições de quitar os compromissos assumidos. A taxa de inadimplência chega a 30,5%, sendo que quase metade desses inadimplentes têm contas em atraso há mais de 90 dias, e 13,2% admitem não ter como pagar o que devem.
As informações divulgadas em novembro acenderam o alerta no mercado, sobretudo pela proximidade do fim do ano, época de tradicional aquecimento nas vendas em todos os setores. A preocupação acontece apesar de fatores positivos, como o crescimento da economia — a alta do produto interno bruto (PIB) é estimada em 2,2% para este ano —, as baixas taxas de desemprego, hoje próximo de 5,6%, e o aumento da renda média do trabalhador brasileiro, em torno de 3,5 mil reais atualmente.
Segundo especialistas, a explicação é uma só: as elevadas taxas de juros no país. “Nem mesmo o bom momento do mercado de trabalho tem sido suficiente para conter o avanço da inadimplência”, aponta o economista-chefe da CNC, Fabio Bentes. A taxa básica de juros está em 15% ao ano, o nível mais alto desde 2006. “Nesse cenário, o comércio já sente a desaceleração das vendas, uma vez que as famílias se veem obrigadas a promover ajustes no orçamento para se adaptar a essa realidade”, declarou o especialista à Agência Brasil.
Endividamento versus Inadimplência
É preciso entender em que o endividamento se difere da inadimplência. Compromissos financeiros contraídos a prazo são necessários para a aquisição de bens, que vão desde itens do mercado até prestação da casa própria. Se o consumidor tem provisão de recursos para cumprir as parcelas dessas dívidas, não há problema. O crédito é uma ferramenta fundamental do consumo, e a média das dívidas parceladas dos brasileiros é de 7,2 meses. O que caracteriza a inadimplência é a incapacidade de quitar débitos, seja por insuficiência de renda, seja por imprevistos, como desemprego ou uma emergência que consuma recursos antes previstos para aquelas prestações.
As famílias de menor renda são as mais afetadas. A taxa de inadimplência no cartão de crédito rotativo já ultrapassa 60% dos consumidores, sendo a maior faixa entre aqueles que recebem até cinco salários mínimos (em torno de 7,5 mil reais). “Temos também como fatores o custo de vida, a inflação, o acesso facilitado ao crédito e, principalmente, a falta de organização e educação financeira”, destaca o Prof. Paulo Cesar Maximiano, da Universidade da Família, em Pompeia (SP). “A maioria dos brasileiros não teve nenhum tipo de educação financeira até os 12 anos de idade. Como reflexo direto disso, vemos jovens, casais e idosos endividados.”

Com ampla formação acadêmica e ministerial — especialista em gestão financeira pessoal, teólogo, graduado em Agrobusiness, com MBA em Comércio Exterior e pastor presbiteriano —, Maximiano conhece de perto os desafios de quem se vê sufocado por dívidas. Segundo ele, um dos maiores problemas está na falta de planejamento. “O brasileiro não tem o hábito de controlar suas despesas por meio de uma planilha de orçamento. Para muitos, isso parece não trazer resultados, porém a prática mostra o contrário: quando visualizamos nossa situação financeira, firmamos um compromisso com o nosso caráter”, pondera ele, que é categórico ao afirmar: “Pouco recurso não gera inadimplência, o que gera é a gestão errada do que temos”. O especialista também recorda princípios bíblicos sobre o tema: “A Palavra de Deus nos ensina a sermos fiéis no pouco, para que sobre o muito o Senhor nos coloque. A Bíblia não nos diz que a dívida é um pecado, mas desencoraja essa prática em Romanos 13.8, ao recomendar que não devamos nada a ninguém”.
Para Maximiano, manter um bom controle das despesas, cortar gastos desnecessários e estabelecer um estilo de vida mais sóbrio — no qual o dinheiro não seja controlado pelas emoções e pelos impulsos —, podem evitar a inadimplência. “Costuma-se dizer que, se não fizermos dívidas, nunca teremos nada. Isso é uma mentira que leva as pessoas a comprometerem sua renda, seus bens, sua família e seu relacionamento com Deus”, pondera.
Com as ofertas e promoções geradas pelas festas de final de ano — o que inclui não somente alimentação, mas também presentes e vestuário — é preciso estar atento para que o endividamento não fique ainda maior e comprometa a renda, incluindo os valores de 2026. Logo no início do ano, surgem as despesas obrigatórias, como IPVA, IPTU e compromissos financeiros escolares. Segundo o professor, a melhor opção é sempre estabelecer um orçamento por escrito, a fim de planejar o futuro e analisar padrões de gastos, além de usar o cartão de crédito com sabedoria e contentar-se com o que se tem. “Ninguém consegue se livrar das dívidas acidentalmente, é necessária uma programação até alcançar esse objetivo. A falta de contentamento gera falsas necessidades e, por isso, gastamos sem que seja preciso”, finaliza.





