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Minutos de saúde a cada mordida

Por Carlos Fernandes, do Ongrace

Pizza de muçarela tem enorme impacto no meio ambiente: cada fatia consome mais de 300 litros de água em sua fabricação – Imagem: Harrison / Adobe Stock

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Sabe aquele biscoito recheado delicioso e convidativo para um lanche? Ele pode reduzir 39 minutos de vida saudável. E a margarina cremosa, que passamos com gosto no pão? Menos 24 minutos de saúde. A pizza de muçarela, por sua vez, insubstituível para muitas pessoas, tem enorme custo para o meio ambiente: cada fatia consome mais de 300 litros de água em sua fabricação. Essas e outras informações constam de um amplo estudo feito por pesquisadores brasileiros.

A pesquisa analisou cerca de 30 alimentos, desde os processados até os naturais, como carnes e grãos, que integram o chamado Índice Nutricional de Saúde (HENI, a sigla em inglês). Este estima o tempo de vida ganho ou perdido conforme as características nutricionais dos itens e avalia as consequências de sua produção sobre os recursos naturais. A carne bovina, por exemplo, além do impacto negativo para a saúde, em razão de suas gorduras, emite mais de 16 kg de CO₂ a cada porção consumida. Já a banana tem baixíssimo impacto ambiental, apenas 0,1 kg de CO₂.

Elaborado por profissionais da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), o levantamento privilegiou a análise da alimentação do brasileiro em geral, reunindo os gêneros em quatro grupos normalmente consumidos em diversas regiões do país. Um deles, em particular, assusta pelo potencial nocivo: cada porção de carne seca, prato bastante apreciado no Nordeste do país, pode tirar 61 minutos de saúde do consumidor.

Em contrapartida, o açaí com granola, uma combinação de sucesso entre os jovens, aumenta a vida saudável em até 41,5 minutos. Como era de se esperar, a popular combinação de feijão com arroz faz bem: na média, a dupla tem potencial para colaborar com mais quatro minutos de vida a cada refeição.

A sondagem também levou em conta a sustentabilidade da produção de alimentos no Brasil. O agronegócio, por exemplo, é responsável por 70% do consumo de água na nação, principalmente no caso da carne bovina, já que são necessárias enormes estruturas de hidratação, manutenção dos rebanhos, indústria de corte e refrigeração na pecuária. Outros produtos, como mandioca, frutas e hortaliças, são considerados sustentáveis e de baixo impacto ambiental, porque grande parte da produção é ligada à agricultura familiar. Estes, inclusive, são menos expostos a fatores de risco para a saúde dos consumidores, uma vez que o plantio envolve menos defensivos agrícolas e substâncias conservantes.

A Profª Marhya Júlia Silva Leite, uma das autoras do estudo – que obteve reconhecimento mundial, sendo publicado na revista científica suíça International Journal of Environmental Research and Public Health –, ressalta que é necessário garantir acesso real, contínuo e economicamente viável a uma dieta equilibrada para todos, sobretudo os mais vulneráveis. “O trabalho pode contribuir para iniciativas que promovam a agricultura familiar, especialmente em relação à produção de alimentos in natura e minimamente processados, como frutas, feijões e legumes.”

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