
Avivamento africano
22/07/2025Por Carlos Fernandes, do Ongrace

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Planejar a vida é algo que todos fazem em algum momento. Trata-se daquela análise pessoal em que o ser humano projeta o futuro quanto à carreira, à família, à estabilidade financeira e às perspectivas para a velhice. O instituto de pesquisas Pew Research Center, sediado nos Estados Unidos e especializado em análises comportamentais, religiosas e de tendências, questionou pessoas de várias partes do mundo acerca desses temas, e os resultados dizem muito sobre a realidade do lugar onde cada um vive.
Em média, os participantes gostariam de se casar e ter filho aos 26 anos; conquistar a casa própria aos 30 e se aposentar aos 60, de acordo com as respostas de indivíduos dos 18 países analisados, de diversos continentes e com suas peculiaridades e diferenças. São eles: África do Sul, Argentina, Bangladesh, Brasil, Chile, Colômbia, Filipinas, Gana, Índia, Indonésia, México, Nigéria, Peru, Quênia, Sri Lanka, Tailândia, Tunísia e Turquia.
Na Índia e em Bangladesh, por exemplo, considera-se adequado se casar por volta dos 20 anos – uma tendência que se explica pela forte influência religiosa na vida social. Já na Argentina, mais secularizada, os respondentes esperam trocar alianças na terceira década de vida. Em relação à casa própria — tradicional indicador de estabilidade de uma família —, os brasileiros acham que a idade ideal é 25 anos; enquanto que, em Gana, nação da África Ocidental, a expectativa é possuir o imóvel após os 36 anos.
Outro fator que expressa desigualdade entre as nações pesquisadas é a ocasião adequada para deixar o mercado de trabalho. Cerca de 20% dos adultos na Turquia e na Colômbia acreditam que a melhor idade para se aposentar é abaixo dos 50 anos. No Quênia e na Nigéria, onde a cobertura previdenciária e os salários são mais precários, a possibilidade de uma inatividade satisfatoriamente remunerada é menor. Por isso, na média, quenianos e nigerianos esperam estender sua vida laboral até os 70 anos ou mais.
No Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a ideia do casamento como um marco da vida já não é tão absoluta como era para as gerações passadas. Muita gente até desconsidera a opção de uma união formal e duradoura. Isso explicaria o aumento da idade média de início do matrimônio– 31,5 anos para os homens e 29,1 para as mulheres – e o crescimento na taxa de pessoas que se casam após os 40 anos de idade.
Quando o assunto é moradia, conquistar um imóvel é a principal prioridade para 31% da população brasileira, conforme estudo realizado pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (IPESPE) e publicado pelo Radar FEBRABAN (Federação Brasileira de Bancos). Para as pessoas ouvidas, mais do que um investimento, a conquista da casa própria revela a busca por estabilidade, segurança e, acima de tudo, qualidade de vida.
As reformas implementadas no sistema previdenciário nacional em 2019 fizeram muita gente ter de adiar o sonho da aposentadoria, embora seja esta apontada por grande parte dos trabalhadores como alvo até os 60 anos de idade. Contudo, são poucos os que se preparam adequadamente para esse momento. Segundo uma pesquisa nacional realizada pela agência de análise e proteção ao crédito SERASA, seis em cada dez brasileiros iniciam o planejamento financeiro para a inatividade somente cinco anos antes da data pretendida de aposentadoria.