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20/07/2025
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Nanopartículas contra o câncer

Por Carlos Fernandes e Viviane Castanheira, do Ongrace

Pesquisa realizada por equipe brasileira chama atenção por usar nanopartículas (foto ilustrativa) contra o câncer – Imagem: Corona Borealis / Adobe Stock

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Pesquisadores mineiros criaram um método promissor para tratar alguns tipos de câncer muito prevalentes no país, como o colorretal. A enfermidade afeta 21 em cada 100 mil brasileiros, uma taxa considerada elevada. Contudo, o recente estudo da equipe do Departamento de Fisiologia e Farmacologia do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) chamou a atenção do mundo científico por usar tecnologia de ponta para desenvolver uma plataforma nano para tratar a doença.

Por meio do trabalho dos estudiosos, uma micropartícula carrega informações para que células saudáveis ataquem o tumor, e o RNA mensageiro atua como um roteiro para a produção de uma proteína do sistema imunológico. “Essa receita tem capacidade de induzir a morte programada das células tumorais. Ou seja, induzimos o organismo a produzir uma proteína que mata as células cancerígenas”, explica o pesquisador Walison Nunes, um dos autores do levantamento.

A técnica é semelhante à utilizada na vacina contra o vírus da covid-19, porém mais específica. A novidade é que, nos tratamentos tradicionais contra o câncer, o mais difícil é fazer a substância enviada entrar no tumor. Walison afirma que as células doentes formam uma espécie de barreira, a qual impede o sistema imunológico de atacá-las. Com o novo método, a substância introduzida não precisa chegar ao tumor: ela induz o organismo a combatê-lo.

Outro grupo de cientistas brasileiros vem desenvolvendo pesquisas sobre o tema. Uma equipe da Universidade Federal de Goiás (UFG) desenvolveu outra nanopartícula que é capaz de atuar no diagnóstico e no tratamento do câncer com a utilização do óxido de ferro por meio da terapia térmica. “A partícula funciona como um ‘cavalo de troia’, que se aproxima dos tumores”, explicou o Prof. Andris Bakuzis, um dos responsáveis pela sondagem, em entrevista ao portal G1. Segundo ele, a partir de proteínas criadas em laboratório, a partícula – de formato esférico – contém em seu interior elementos ainda menores de óxido de ferro com um “disfarce”. “Na superfície, existe uma membrana esponjosa onde são adicionadas proteínas de células cancerígenas, que fazem essa nanopartícula ser atraída para os tumores.”

De acordo com Bazukis, uma vez próxima às células doentes, o óxido de ferro é aquecido, provocando uma espécie de cauterização do tecido afetado. No caso de tumores agressivos e de difícil combate pelos meios tradicionais, como o glioblastoma, que afeta o cérebro, o novo tratamento é particularmente bastante favorável por evitar o uso de técnicas que causam efeitos danosos ao paciente, como a quimioterapia e a radioterapia. A expectativa é que a terapia com nanopartículas atue com eficácia não apenas sobre os tumores primários, mas também nas metástases, que afetam outros órgãos e tecidos.

As pesquisas brasileiras têm sido citadas em trabalhos internacionais e, por enquanto, testadas com sucesso em cobaias. Nos conjuntos de roedores com tumores, aqueles que receberam as nanopartículas apresentaram evolução bem mais lenta da enfermidade, e, em alguns casos, estancou o processo. Mais adiante, o método será aplicado em humanos com câncer.

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