Santo Amaro aos pés de Jesus
06/08/2024
Agosto Lilás: mês de combate à violência contra a mulher
07/08/2024
Santo Amaro aos pés de Jesus
06/08/2024
Agosto Lilás: mês de combate à violência contra a mulher
07/08/2024

Tradição entre os evangélicos, os corais proporcionam momentos de devoção e inspiração

Por Carlos Fernandes, do Ongrace


Corais, como o Nascidos para Adorar, da IIGD em Praia Grande (SP), levam qualidade musical e inspiração aos cultos Imagem: Arquivo pessoal

COMPARTILHE

Na tradição protestante e evangélica, a música exerce papel fundamental na vida devocional dos cristãos. Louvar ao Senhor é uma prática bíblica antiga, que tem no livro de Salmos uma de suas maiores expressões. Davi e outros autores compuseram peças para serem cantadas, individual e coletivamente, enaltecendo o Deus de Israel. Com a Reforma Protestante no século 16, o canto coral – do latim chorus, que significa um grupo comunitário que canta e o espaço reservado nos templos para essa finalidade – ganhou força. Martinho Lutero e outros protagonistas do movimento reformista criaram os corais e estimularam sua formação como um elemento litúrgico central. E a tradição se mantém até hoje. Mesmo que boa parte das igrejas abra espaço para os momentos coletivos de exaltação a Deus, os corais estão presentes como forma de adoração a Deus e evangelismo.

Na Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD), a valorização dessa arte musical a serviço do Reino dos Céus tem se destacado em templos de Norte a Sul do Brasil, e até fora dele, como em Portugal. Em terras lusitanas, a IIGD experimenta um grande crescimento dessas iniciativas e tem um coral formado pelo regente Heber Novais há cerca de quatro meses. O professor de canto, com formação erudita, resolveu montar o conjunto para atuar nos cultos de Santa Ceia e em eventos de celebração. A ideia do maestro é levar o coral também para fora das paredes da Igreja. “O que me motiva é a possibilidade de desenvolver um trabalho de excelência, a fim de implementar uma cultura de boa música no cenário evangélico português”, explica, ressaltando: “As pessoas são tocadas por meio das canções”.

O Pr. Rogério, à frente do coral da IIGD em São Paulo: “Gratificante” Imagem:
Divulgação

O coral da Igreja da Graça em Portugal tem 14 vozes, mas a proposta é fazê-lo crescer tanto quanto seu congênere da sede paulista, que existe há dez anos e conta com 75 integrantes, divididos em naipes. Sob o comando do Pr. Rogério de Souza Rosa, formado em Regência e Técnica Vocal, o coral em São Paulo reúne jovens, adolescentes e adultos e serve a um propósito principal. “Quando muitas pessoas se unem para louvar a Deus, isso tem força no mundo espiritual. Embora seja uma atividade trabalhosa, é gratificante”, afirma o regente. Conciliar agendas em torno de ensaios, reuniões e apresentações não é fácil, porém o resultado é compensador: o grupo já se apresentou em eventos evangelísticos fora da Igreja, como as universidades. Entretanto, a prioridade é a participação em celebrações da IIGD.

A seleção do repertório vai além do gosto musical do maestro e dos integrantes e prioriza a mensagem transmitida. “Escolhemos canções que tenham a Palavra de Deus”, enfatiza o pastor, cuja referência são os corais norte-americanos. Rogério dirige o grupo há dois anos e diz que sua motivação para assumir esse ministério, além do amor pela música, foi um chamado do Altíssimo. “O canto coral é uma coisa muito forte. E devemos lembrar, também, que no Céu existe um grande coral, que louva eternamente ao Senhor.”

Amor ao louvor”

Render graças ao Pai celestial por meio da música é também o propósito do coral da IIGD em Sorocaba (SP). “Em Hebreus 13.15, a Bíblia diz que devemos oferecer ao Senhor sacrifício de louvor pelos lábios que confessam o Seu Nome”, aponta a auxiliar de limpeza, Anna Maria Alves Vieira. Sem habilitação formal em música, ela é um exemplo de como o Criador capacita Seus escolhidos. “Sou regente com a ajuda da nossa ministra do louvor, Sara Marques”, destaca. “Minha motivação é o amor e a adoração a Deus e o toque que as pessoas recebem dEle por meio do canto”. O coral de Sorocaba retomou suas atividades há poucos meses, tempo suficiente para se destacar em celebrações diante da mesa da comunhão do Senhor. “Temos cantado apenas na Santa Ceia, mas nossos projetos incluem aumentarmos nossas apresentações e nos expandirmos nos evangelismos, a fim de alcançarmos mais vidas para o Pai”, diz a entusiasmada maestrina.

Formado por mulheres, o coral tem o apoio do ministério da Igreja local, sendo marcado pela união, inclusive na escolha das canções. “O repertório é escolhido mediante oração e jejum. Escutamos diversas músicas durante um período e optamos por aquelas que mais nos tocam, crendo que tocarão outras pessoas.” Tudo é feito com simplicidade, mas com dedicação. As becas bem cuidadas e o sorriso das componentes espelham a alegria em desenvolver seus talentos a serviço do Mestre. “O louvor é um agradecimento ao Senhor. Mostramos nossa gratidão aos irmãos manifestando a bondade de Deus. Por meio do nosso coral, conseguimos revelar como Deus fortalece a nossa fé”, acrescenta a regente.


A empresária Aldeane (à frente): Coral da Graça dá oportunidade para que mais pessoas participem da obra de Deus
Imagem: Arquivo pessoal

A força do voluntariado cristão e o desejo de oferecer o melhor ao Senhor têm levado corais formados e regidos, em sua maioria, por amadores a alcançarem belos resultados. Em Pau dos Ferros, município situado no interior do Rio Grande do Norte, a economista e empresária, Aldeane Melo Moreira, reuniu irmãs da Igreja, em outubro de 2022, e criou o Coral da Graça, hoje com 14 integrantes. Para ela, o aspecto artístico é tão relevante quanto a dimensão comunitária do trabalho. “Considero essencial a existência de um grupo que leve o povo à adoração e envolva mulheres que, por timidez, não participavam de nenhuma atividade na Igreja”. Assim, aquelas que se sentiam desanimadas, experimentam um renovo de Deus. Aldeane reconhece que, ao aceitar o desafio de reger o grupo, não entendia nada de coral, mas afirma: “Estamos aprendendo juntas”.

Os ensaios acontecem após os cultos de quarta-feira a domingo, por isso cada integrante precisa abrir mão de algumas demandas pessoais para estar presente. Tudo é feito à base de oração: “A cada louvor, nós nos reunimos antes e pedimos ao Senhor que nos conduza. Louvamos a Deus pelo que Ele tem feito por meio deste coral”. Na sede da IIGD na capital, Natal, o Coral da Graça é liderado por Ivaneide Barbosa e existe há quase 15 anos. A interrupção das atividades provocada pela pandemia da covid-19 desmobilizou o grupo, que agora está recomposto e se apresenta nos cultos ao menos uma vez por mês. Segundo a regente, as canções entoadas têm relação com os temas tratados nas celebrações e são bem recebidas pela Igreja. “Os ministérios de louvor, dos quais os corais fazem parte, são indispensáveis, pois a música quebranta a alma e prepara as pessoas para a Palavra.”

Composto por mulheres, o coral da IIGD em Sorocaba prioriza canções bíblicas Imagem: Arquivo pessoal

Beleza com tradição

Qualquer pessoa pode entoar louvores ao Senhor na igreja, independentemente de saber ou não seguir uma tonalidade ou sustentar a própria voz. Contudo, a música de coral costuma ser mais elaborada. Além de seguir partituras e pautas, as peças cantadas demandam treino e a divisão por vozes – geralmente, sopranos e contraltos, no universo feminino; e tenores e baixos, no masculino. Esse refinamento proporciona mais beleza, sonoridade e solenidade. “Vivemos em uma época de simplificação exagerada das canções religiosas. Isso faz com que as pessoas deixem de entender o valor do canto em grupo, da harmonia vocal e de outros elementos estéticos presentes na música de coral, bem como o caráter histórico dos movimentos pentecostais e a riqueza musical que sempre lhe foi peculiar”, avalia o regente Heber Novais, da IIGD em Lisboa. Por isso, o educador enaltece o valor desses grupos. “Penso que o papel deles é reaproximar as pessoas do belo, do clássico, da tradição, sem abrir mão dos avanços e das mudanças produzidas pelo decurso do tempo. É como pegar na mão da Igreja e conduzi-la em adoração.”

É na Bahia de todos os ritmos que uma iniciativa inédita tem sido colocada em prática por pessoas que se juntaram para fazer da arte musical e da expressão cultural a sua ferramenta criativa para falar de Cristo: o grupo Vokal Bahia. O movimento nasceu na Igreja da Graça em Salvador pelas mãos do músico Edson Santiago dos Santos, egresso da cena artística popular, que é formado pela Universidade Federal da Bahia. “Minha formação veio das ruas, tocando jazz e black music.” O cantor faz questão de dizer que tudo é pela misericórdia de Deus. “Procuro talentos escondidos na Igreja”, brinca. O grupo interpreta canções conhecidas do povo cristão com arranjos criativos e descontraídos, mas sempre com seriedade: “O coral nas igrejas traz responsabilidades. É um trabalho que faz as pessoas que dele participam buscar mais do Senhor. O ‘nível de espiritualidade’ aumenta, porque é uma luta espiritual o tempo todo no altar.”

Edson Santiago dos Santos comanda o Vokal Bahia: musicalidade e criatividade a serviço do Evangelho Imagem: Arquivo pessoal

Na IIGD em Aviação, cidade paulista de Praia Grande, quem exerce esse papel é o Coral Nascidos para Adorar. “Deus habita no meio dos louvores”, conta a maestrina do coro Angela Reis Jesus dos Santos. Sem formação musical, mas com zelo, ela conduz esse coletivo desde o início. Após uma pequena ausência, ela voltou à regência do grupo há três anos. Vestido de branco com estolas azuis, o coral é integrado por 18 pessoas que fazem evangelismo, limpam o templo e atuam como obreiros. Cantar é mais um dos ministérios a que esses apaixonados pela obra do Senhor se dedicam: “Nosso prazer é nos reunir como irmãos adorando ao nosso Deus”, finaliza Angela Reis.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Chave Pix Copiada!

A chave Pix foi copiada para a área de transferência.