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Queda do regime do ditador Assad abre espaço para novo governo e eventual distensão na perseguição religiosa

Carlos Fernandes, do Ongrace

Sírios comemoram queda do ditador Bashar al-Assad: expectativa é por maior liberdade religiosa no país – Imagem: Reprodução

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Nos primeiros dias de dezembro, o mundo presenciou, surpreso, a queda repentina de um dos mais longevos regimes ditatoriais. Após mais de 20 anos de poder absoluto sobre as esferas civil, política e militar, o presidente da Síria, Bashar al-Assad, foi deposto por forças rebeldes que avançaram rapidamente pelo país e consolidaram o controle da capital, Damasco, e das estruturas de governo no dia 9 de dezembro. Praticamente não houve resistência das forças ainda leais a Assad. Comandado pelo radical Ahmed al-Sharaa, líder do grupo islâmico Hayat Tahrir al Sham (HTS), os insurgentes montaram um governo provisório e já sinalizam um novo tempo para a nação árabe, devastada por uma sangrenta guerra civil que durou 13 anos, matou mais de 500 mil pessoas e forçou 6 milhões de refugiados a deixar a região.

Igreja destruída na Síria: guerra civil e perseguição religiosa forçaram deslocamento de 400 mil cristãos – Imagem: Reprodução

Entre as medidas adotadas pelo grupo, uma chamou a atenção. De acordo com o primeiro-ministro interino, Mohamad al-Bashir, a promessa é garantir os direitos de crença a todas as comunidades religiosas do país, constituído, em sua maioria (cerca de 75%), por muçulmanos. Os cristãos somam em torno de 10% da população. Apesar de não existirem dados confiáveis, estima-se que a presença protestante e evangélica seja de menos de 2%. Se o anúncio do novo governo se concretizar, isso poderá representar uma mudança no quadro de discriminação religiosa observada na Síria. Afinal, segundo a Missão Portas Abertas, entidade internacional que monitora a liberdade religiosa no mundo, a nação ocupa a 12ª posição no ranking global de perseguição ao cristianismo – à frente, inclusive, da Arábia Saudita, o berço do islã.

Deposto e asilado na aliada Rússia, o agora ex-presidente Assad não deixa saudade. Seu regime aniquilou a oposição, isolou o país e empobreceu a população. Durante seu governo, muitos cristãos precisaram abandonar seus lares e ir para outras regiões, tornando-se deslocados internos, enquanto cerca de 400 mil fugiram do país. Isso provocou uma redução ainda maior na proporção daqueles que seguem o cristianismo na Síria. Agora, os temores se misturam a esperanças. “A transição de liderança na Síria provocou respostas mistas. Enquanto o HTS promete segurança e coexistência pacífica para todas as minorias, incluindo cristãos, persistem dúvidas devido às origens jihadistas do grupo e ao seu histórico de abusos dos direitos humanos”, avalia Henriette Kats, analista de pesquisa do Portas Abertas no Oriente Médio.  Enquanto a Síria e o mundo aguardam, com expectativa, o desenrolar da nova ordem – o primeiro-ministro deverá ceder o poder a um governo definitivo até março –, a obra divina segue sendo feita. A Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) continua disseminando o Evangelho no país por meio de programas, como o Show da Féem árabe, principal língua falada no território. “Fui refugiado na Turquia e lá conheci Jesus como Salvador pela página da IIGD no Facebook”, conta o sírio Walat Khalil. “É um ótimo trabalho, o qual me proporcionou muitas bênçãos.”

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