
Promessa de resultados rápidos exige cautela
21/08/2025Por Carlos Fernandes, do Ongrace

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Duas das formas mais agressivas de câncer podem ser combatidas por vacinas em um futuro próximo. Essa é a conclusão de uma equipe de especialistas do Memorial Sloan Kettering Cancer Center (uma instituição de tratamento e pesquisa da doença), em Nova Iorque, e da Universidade da Califórnia, em Los Angeles (EUA). O novo imunizante, denominado ELI-002 2P, demonstrou significativo potencial de frear o retorno da doença em pacientes diagnosticados com tumores colorretais e pancreáticos.
Embora ainda experimental, o tratamento apresentou respostas suficientemente positivas para merecer um artigo postado no site da revista Nature Medicine, publicação especializada em medicina molecular. A aplicação do imunizante ocorreu em pacientes que já haviam sido submetidos às cirurgias de extração das lesões. Nesses casos, o maior risco é, justamente, o retorno do câncer. Cada um deles recebeu injeções de ELI-002 2P, que transporta antídotos diretamente aos linfonodos. Nos casos avaliados, a vacina colaborou na luta do organismo contra a volta da enfermidade.
Os pesquisadores ficaram animados com a resposta imune elevada: 84% dos voluntários que tomaram a vacina produziram linfócitos T, as células do sistema de defesa que combatem as mutações que levam ao desenvolvimento de novos tumores. Outra observação do estudo foi de que as células de defesa permaneceram no organismo por longo tempo, sugerindo que a resposta imune provocada pela vacina tende a ser duradoura.
O câncer do pâncreas é um dos mais letais, já que esse tipo de tumor tem alta taxa de retorno mesmo após remoção cirúrgica e quimioterapia. No artigo postado na Nature Medicine, o oncologista Zev Wainberg, da Universidade da Califórnia, ressaltou que a vacina pode ajudar a prevenir as recaídas. “Os anticorpos ‘treinam’ o sistema imune a reconhecer mutações específicas, que levam ao desenvolvimento dos tumores.”