
Nigéria, onde a fé tem alto preço
11/07/2025Por Carlos Fernandes, do Ongrace

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A pesquisa médica brasileira tem dado demonstrações de excelência em descobertas inovadoras. Uma das mais recentes é o desenvolvimento de uma técnica de exame não invasivo capaz de detectar, com 94% de exatidão, se uma pessoa tem a doença de Alzheimer — ainda em fases iniciais ou antes mesmo de o problema se estabelecer. Tal procedimento é fundamental para o início precoce de tratamentos e terapias, afim de coibir a evolução de uma das formas mais comuns de demência – ainda sem cura.
A tecnologia, criada por pesquisadores do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino, permite que um simples exame de sangue seja revelador. Nas amostras coletadas em 145 pessoas, foram identificadas substâncias ligadas ao desenvolvimento do Alzheimer, como proteínas específicas que antes só podiam ser detectadas por meio da extração e exame do líquor – líquido que envolve a medula espinhal –, ou por exames de imagem que permitem visualizar regiões do cérebro afetadas pela enfermidade.
Na extração do líquor e nos exames de imagem, caso haja alguma descoberta, isso indica que o quadro já está estabelecido. Esses exames, além de mais caros, não são disponibilizados com facilidade, sobretudo para quem vive fora dos grandes centros. A nova técnica permitirá a redução de custos e mais efetividade no diagnóstico. “Isso é especialmente relevante para países como o Brasil, onde o acesso à tecnologia de imagem cerebral ou coleta de líquor pode ser restrito e mais demorado em algumas localidades”, atesta o patologista clínico Helio Magarinos Torres Filho, diretor do laboratório de análises clínicas da Rede D’Or, responsável pelo trabalho.
Como se sabe, o Alzheimer é uma doença progressiva e que, uma vez iniciada, reduz a expectativa de vida, em média, entre oito e dez anos. Sua evolução acontece por etapas: na primeira, ocorrem alterações na memória (esquecimentos), na personalidade e nas habilidades visuais e espaciais. Depois, vêm as dificuldades para falar, realizar tarefas simples e coordenar os movimentos. Em seguida, o paciente apresenta incontinência urinária e fecal, dificuldade de deglutição e deficiência motora progressiva. Na fase terminal, a pessoa fica restrita ao leito e alienada do ambiente, em mutismo absoluto e submetida a infecções e comorbidades intercorrentes.
Estima-se que cerca de 3 milhões de brasileiros são diagnosticados com demência, número que deve dobrar até meados deste século. Por ser extremamente incapacitante e causar grande sofrimento aos doentes e às suas famílias, o mal de Alzheimer tem sido cada vez mais pesquisado, em busca de terapias e medicamentos eficazes em sua prevenção e tratamento.
Por enquanto, a pesquisa do Instituto D’Or está em fase de validação, aguardando mais estudos a fim de ser largamente implementada. Contudo, a sondagem já entusiasma a comunidade científica nacional. “Isso significa que, na prática, o exame é capaz de fornecer informações claras e seguras, praticamente sem margem para erro”, celebra Magarinos.