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Igreja da Graça investe no ministério de adolescentes
Por Viviane Castanheira, do Certeza da Vitória
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É comum ouvir na adolescência: “Você não é mais criança, comporte-se!”, ou “Você ainda não é dono do próprio nariz!”. Não é verdade? Geralmente, essas frases são proferidas pelos mais velhos quando não sabem lidar com esse estágio de transição entre a infância e a vida adulta.
Mas, afinal, o que é adolescência? Quem é o adolescente?
Por definição, adolescência vem do latim adulescere: crescer, desenvolver, tornar-se maior.Essa etapa é marcada por muitas transformações biológicas e comportamentais. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) define a adolescência como o período entre os 12 e os 18 anos. Já a Organização Mundial de Saúde (OMS) indica que essa fase começa aos 10 e termina aos 19 anos. Segundo dados do Censo 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), quase 30 milhões de pessoas têm entre 10 e 19 anos.
Se até as organizações que defendem os direitos dos adolescentes divergem na conceituação desse grupo, imagine como fica confusa a cabeça desses indivíduos, que não são mais crianças, mas também não são adultos. Entretanto, há algo em comum entre eles: o espaço que dão às amizades. Algumas são mais importantes até que a própria família. Por isso, a Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) tem investido, cada vez mais, em programações e um ministério para os que pertencem a essa faixa etária.
De acordo com a psicóloga Sandra Machado, é importante mostrar a direção certa para àqueles que estão em desenvolvimento. “A identidade e a personalidade deles estão em plena construção. Assim, fazem muitas descobertas; além disso, dúvidas e muitos questionamentos surgem. Portanto, a Igreja tem um papel fundamental na formação desse indivíduo”, avalia a psicóloga. Sandra também é pedagoga e, desde os 17 anos, atua no ministério infantil da IIGD. “A Igreja é um ambiente que pode proporcionar vínculos seguros, limites saudáveis e acolhimento das necessidades emocionais, por exemplo, sentir-se amparado e valorizado. Ela promove, principalmente, o ensino da Palavra de Deus, auxiliando, assim, o adolescente em momentos de conflitos e colaborando na sua tomada de decisões”, ressalta Sandra.
Trabalho direcionado
Por tal razão, na sede estadual da IIGD em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, o cuidado específico com os teens (adolescentes) existe desde 2014. “Já fazíamos ações separadas dos jovens, inclusive os acampamentos”, explica o Pr. Daniel Henrique Bianchi, que, há seis anos e meio, comanda os teens e os jovens. “Hoje, tenho uma equipe de 25 pessoas atuando em todo o estado. Na sede, temos cerca de 40 pessoas envolvidas, dando suporte no louvor, som, na mídia e montagem”, afirma o pregador. Bianchi relata que o último retiro, cujo tema foi O Teen Tá ON, realizado no início de fevereiro, foi o maior em número de inscritos. “Tivemos 320 adolescentes, fora a equipe. Nesse encontro, 30 adolescentes foram batizados nas águas, e centenas receberam o batismo no Espírito Santo. O crescimento espiritual foi imenso”, alegra-se o líder. “Eles são bastante participativos, pois conseguimos realizar um planejamento focado neles e maduro para a idade deles”, completa.
Espaço de crescimento
Na Cidade Maravilhosa, o JQV Teen começou a fazer a diferença em outubro de 2021. “Nosso líder percebeu que, quando chegavam nessa idade, muitos começavam a se perder e precisavam de mais atenção”, diz Davison Marques de Jesus Torres, que compartilha a liderança com Ingrid Ferreira Lessa Marques. “Temos uma equipe que nos auxilia na comunicação e organização.”
Os adolescentes cariocas estão com uma agenda cheia para este ano. Além das reuniões semanais, eles terão dois eventos estaduais e um acampamento. “Temos um espaço tanto para crescimento e amadurecimento espiritual como para o estreitamento de amizades. Nesse ambiente, criamos uma comunidade com o mesmo propósito: conhecer e prosseguir em conhecer Cristo”, esclarece o coordenador.
Propósito específico
Desde novembro de 2020, os teens do Estado de Minas Gerais recebem uma atenção singular. “Fazemos dinâmicas sempre com o objetivo de aprendermos mais da Palavra. Eles se sentem únicos, especiais e amados”, conta a líder estadual Nayara Cristina Ferreira dos Santos Apolinario, que está, há dois anos, nessa função.
Para ela, em um mundo com tantos atrativos, é imprescindível direcionar a garotada para o caminho certo. “Eles estão em busca de uma identidade, e nada melhor do que descobrir já ter uma em Cristo Jesus e entender a sua missão nesta terra! Temos estes dois objetivos: fazer com que se vejam como filhos amados do Pai e que compreendam o propósito específico dado por Deus a cada um”, ressalta Nayara.
Na sede estadual da IIGD em Porto Velho, capital rondoniense, o ministério Teen existe desde 2022. “Tem dado muito certo, já batizamos oito integrantes de nosso grupo. Temos adolescentes na banda, mídia, no coral, teatro. Eles são muito ativos”, assegura o Pr. Athirson Freitas Caseres, que dirige essa obra, há quase dois anos, com uma equipe de quatro pessoas. Segundo o ministro, esse é um momento especial e muito aguardado. “Eles gostam bastante, pois é dedicado somente a eles, que já chegam à Igreja na expectativa de participar da programação, que acontece paralelo ao culto”, afirma o pastor. Em média, 20 a 25 adolescentes frequentam a reunião.
O investimento da IIGD nesse segmento não se restringe ao Brasil. Em Portugal, a sede da IIGD em Lisboa, capital do país, formou o Conexão Teen. “Percebemos, durante a pandemia de covid-19, que as pessoas acima dos dez anos não queriam mais os cultos on–line. Então, assim que voltamos para o modelo presencial, criamos um projeto para elas”, relata Clara Regina da Silva Rocha, líder desse grupo em Portugal. O primeiro desafio foi aumentar o número de participantes. “Os pais perceberam que a iniciativa estava dando certo e começaram a trazer seus filhos. Foi preciso mudar de horário e de local, passamos para o salão da Igreja, porque o anexo ficou pequeno”, conta Clara, que também realiza programações externas. “Promovemos jogos de basquete, futebol, entretenimento, evangelismo e acampamento”. Além disso, ela explica: “Todo terceiro sábado do mês, temos o nosso culto, com louvor e Palavra. Dividimos meninas e meninos em salas diferentes, com temas específicos daquilo que estão vivendo, alinhados com o nosso cronograma”, destaca.
Em fevereiro, os adolescentes de Lisboa tiveram a primeira Conferência Take It All Day. “Foi um divisor de águas, uma ideia que veio direto do coração de Deus, algo sobrenatural. Foi lindo perceber a conexão das pessoas, o coração aberto para essa conferência, o apoio dos pais. Como resultado: três adolescentes decidiram se batizar”, frisa Clara.
Um deles foi o estudante português Hugo Martins, de 17 anos. “O toque do Senhor em vários aspectos da minha vida, tanto escolar como espiritual e físico, levou-me à conversão”, conta o jovem. Há quase um ano, Hugo foi à Conferência a pedido de uma amiga, e nunca mais saiu da IIGD. “Eu estava um pouco desconfortável em ir. Desde pequeno, aprendi que deveria me afastar de igrejas, mas algo me impulsionou a aceitar o convite. Ao colocar os pés lá, fiquei balançado, como se alguém me empurrasse para dentro”, garante o rapaz.
A brasileira Kamily Cristiny, 13, também passou por uma experiência transformadora na Conferência. Ela foi criada na igreja, mas não havia se decidido por Jesus. “Quando ouvi a pregação, não pude resistir ao chamado do Espírito Santo e decidi me batizar. Estou vivendo uma nova página na minha vida, uma noiva do Senhor, isso é ótimo!”, alegra-se Kamily.
Jaqueline de Oliveira Monteiro, auxiliar de Clara desde o início do ministério, acredita ser imprescindível acompanhar os adolescentes de perto para não perdê-los pelo caminho. “Eles precisam de uma atenção diferenciada, de alguém que os ouça, converse com eles e mostre interesse naquilo que oferecem. Pensando nisso, vejo que é essencial esse movimento das igrejas. Muitas vezes, eles não têm atenção dos pais, nem dos profissionais da escola. Os adolescentes são uma caixinha de surpresa, têm um grande potencial, só precisam de uma oportunidade”, analisa Jaqueline. “Quando temos esse tempo com eles, conseguimos ouvi-los e orientá-los à luz da Palavra de Deus”, alerta.
Encontro com Cristo
Quem coordena esse trabalho com os adolescentes nos templos da Igreja da Graça no Brasil e o assiste em outros países, como EUA e Portugal, é a produtora audiovisual Tayane Arruda. Apesar de ter sido consagrada ao ministério oficialmente só em 2023, Tayane já atuava com os teens na sede da IIGD em São Paulo desde 2015 quando era tia da escolinha, e percebera as necessidades deles. A coordenadora geral esteve na Conferência Take It All Day e falou aos adolescentes locais. “Para essa idade, precisamos abordar sobre a identidade. Acredito que isso pode ser produzido por meio do grupo no qual estão inseridos e da liderança, que se torna uma referência em Cristo”, assegura a produtora. De acordo com Tayane, as igrejas locais estão percebendo a urgência de elaborar um projeto para os adolescentes e não estão se intimidando diante do desafio. “Recebi mensagens de várias congregações relatando os milagres. No Rio, 21 adolescentes foram batizados nas águas; em Porto Alegre, foram 30, e muitos mais. Graças a Deus, eles estão aceitando Jesus, e esse movimento é no Brasil inteiro”, emociona-se.
A coordenadora faz um alerta sobre a urgência de cuidar dos adolescentes. “Por onde eu passo, percebo que eles estão sedentos! Todos estão com vazios emocionais profundos e precisam ser amados, cuidados e curados. Só Deus pode preencher essa lacuna. Então, o objetivo é fazê-los conhecer o Espírito Santo”, reforça a líder. Ela acrescenta: “Muitos tinham traumas. Todos que me procuraram para atendimento estavam com problemas com os pais. Há uma destruição familiar em curso. Precisamos, com sabedoria, agir. Deixemos o Espírito Santo tocá-los, convencê-los e promover a mudança necessária para que tenham um encontro verdadeiro com Jesus”.
De Sul a Norte do Brasil e até mesmo fora do país, os teens estão on, buscando aprender e crescer espiritualmente, por meio do ensino da Palavra. Portanto, é imprescindível falar a língua deles, que, muitas vezes, são incompreendidos pelos adultos, entretanto queridos por Deus.
