Jovens sonham em formar família
13/03/2025
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Devocionais de adoração e comunhão com Cristo ganham espaço nas escolas

Por Carlos Fernandes, do Ongrace

Estudantes se reúnem para orar e compartilhar a fé em escolas de todo o Brasil – Imagem: Erzsbet / Adobe Stock

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Uma antiga prática dos evangélicos, os devocionais — momentos de adoração, reflexão bíblica e oração fora do ambiente dos templos — têm ganhado espaço nos colégios brasileiros. Em várias partes do país, grupos de estudantes se reúnem, nos intervalos das aulas, para fortalecer a fé em Cristo. Com uma mão levantada, a outra segurando a Bíblia e demonstrando contrição, adolescentes e jovens proclamam o Nome de Jesus nos pátios de escolas públicas e particulares.

Devocionais desse tipo, também chamados de intervalos bíblicos, são organizados em instituições de ensino de, pelo menos, dezenove Estados do Brasil. Uma delas é a Escola Técnica Guaracy Silveira, no bairro de Pinheiros, em São Paulo. Lá, os alunos criaram um grupo que se reúne às quartas-feiras nas dependências do estabelecimento, ligado ao governo do Estado. No Recife (PE), os encontros também são semanais e acontecem desde o ano passado, sempre organizados pelos próprios estudantes.

As reuniões acontecem em áreas de convivência das escolas, sem interferir na rotina e nas atividades daqueles que não desejam participar. Eventualmente, elas contam com a presença de um convidado externo — em geral, pastores ou líderes com influência nas redes sociais e cuja mensagem atrai a juventude. Tudo é feito mediante autorização dos diretores, de maneira informal e rápida, até para não atrapalhar o prosseguimento das aulas.

Mesmo assim, o movimento tem despertado controvérsias. De um lado, educadores e especialistas em Educação argumentam que a atividade pode ser interpretada como interferência religiosa no ambiente escolar, o que é vetado pela Constituição. Em contrapartida, familiares e professores simpáticos à ideia defendem que a liberdade de crença e o livre exercício do direito de reunião, igualmente resguardados na Carta Magna, legitimam os devocionais.

A discussão já movimenta o Ministério Público e o Congresso Nacional. Na Câmara dos Deputados, tramita um projeto de lei para liberar atos religiosos em colégios públicos, privados, confessionais e militarizados, com previsão de multa ao gestor que impedir os eventos. Para Fernando Cássio, professor e pesquisador da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, o risco dessa prática é ferir o caráter da escola como espaço de diversidade: “Não se pode permitir que encontros dessa natureza interfiram na rotina escolar, seja a partir do uso de música alta, seja com tentativas de imposição de uma fé”, afirma o docente.

Já a técnica em Radiologia Alexandra da Silva, mãe de uma adolescente matriculada na Escola Estadual Guiomar de Vasconcelos, em Canguaretama (RN), que participa de devocionais na instituição, declara que os encontros geram benefícios e não são impostos a ninguém. “Os alunos que desejam adorar a Deus se reúnem para orar, fazer a leitura da Bíblia e compartilhar aquele momento. Faz muito bem à minha filha e até mesmo àqueles que não são cristãos e resolvem participar”, pondera.

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