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descobridor da insulina
Por Marcia Pinheiro, do Ongrace
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Em um bate-papo esclarecedor, o presidente do Departamento de Diabetes Mellitus da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Dr. Levimar Rocha Araújo, destaca os desafios e avanços no controle do diabetes, especialmente no Dia Mundial do Diabetes, comemorado em 14 de novembro, data do nascimento de Frederick Banting, descobridor da insulina.
O diabetes, ou diabetes mellitus, é uma doença crônica, autoimune, caracterizada pela deficiência da produção de insulina pelo organismo. O problema envolve o metabolismo da glicose no sangue, podendo ser apresentado de várias maneiras. Os tipos mais conhecidos são o 1 e o 2.
Segundo Araújo, a conscientização contínua sobre a importância do monitoramento da glicemia e o acompanhamento médico regular são essenciais para a prevenção e o manejo adequado da doença, além de enfatizar o papel da tecnologia no acompanhamento mais eficaz. Para ele, as inovações como sensores contínuos e sistemas de monitoramento remoto são aliados poderosos na luta contra o diabetes, oferecendo aos pacientes mais autonomia e segurança na gestão de sua saúde. Acompanhe a entrevista:
Ongrace: Neste Dia Mundial do Diabetes, quais mensagens você considera essenciais para conscientizar a população sobre a importância do controle glicêmico e do autocuidado?
Dr. Levimar Rocha Araújo: O Dia Mundial de Diabetes, que é o dia do nascimento do doutor Frederick Banting, descobridor da insulina, com o seu ajudante do segundo ano de Medicina, Charles Best, é fundamental para conscientizar a população diabética acerca da importância do bom controle; de fazer hemoglobina glicada a cada quatro meses, no máximo; de procurar o seu endocrinologista com frequência para saber as novidades, principalmente se já tiver alguma complicação. Além disso, fazer esse check-up é importante para aquelas pacientes mulheres que tiveram bebês pesando mais de 4,5 kg, pois elas têm uma chance maior de desenvolver diabetes.
Os pacientes com problema de colesterol, com cintura abdominal aumentada e hipertensão têm outros fatores de risco para terem uma monitorização mais frequente e aquelas pessoas que têm familiares com diabetes, o pai, a mãe, ou os tios, ou até mesmo os avós, precisam ser monitoradas mais de perto, inclusive olhando essa glicemia no pós-prandial. Além dessas tecnologias, o que tem de ser incentivado são os hábitos saudáveis, com alimentação frequente cheia de fibras, alface, couve, taioba, verduras de folhas escuras e com uma atividade física, a fim de evitar o surgimento de diabetes. Se a pessoa conseguir emagrecer, reduzirá esse risco, principalmente diminuindo a cintura abdominal. Então, neste ano, a gente fica muito atento àquelas pessoas com uma chance maior de desenvolver o diabetes, que é a questão do pré-diabetes.
Qual a relevância dos padrões de qualidade na monitorização de glicose para pessoas já com a doença?
É extremamente importante qualquer padrão de qualidade para o controle das glicemias. Hoje a Anvisa tem um padrão chamado MARD (Mean Absolute Relative Difference), uma métrica que avalia a precisão dos monitores contínuos de glicose (CGM). Trata-se de uma média extremamente eficaz no controle dos aparelhos da glicemia. Quanto menor o MARD, maior a precisão das leituras de glicose. É um cálculo que a gente faz, mas que o leitor muitas vezes não precisa saber dessa tecnologia. No entanto, em termos, para a gente ver a acurácia desses monitores, ele tem de estar abaixo de 15%. Então, todo glicosímetro que chega ao nosso país, todo monitor, precisa ter um MARD abaixo de 15%. Esses novos aparelhos de tecnologia de monitoramento têm um MARD de 8, 8.2% em crianças, e 8.3% no adulto. Isso é muito bom. A monitorização faz parte do próprio tratamento do diabetes. Mas como essas inovações podem melhorar esses processos? Com alta tecnologia. Por exemplo, às vezes o paciente está no interior e quer mandar uma configuração para o médico, então, ele terá uma avaliação dessa glicemia dos 14, 30 a 90 dias.
Quais os principais obstáculos enfrentados pelas pessoas com diabetes e como é possível minimizá-los?
É justamente essa questão da monitorização. O diabetes realmente causa uma mudança imensa, infinita. O paciente tem de verificar quanto está a glicemia dele, fazer a correção; se ele usa insulina, para tomar a medicação, ver o que vai comer, para medir essa glicose depois de duas horas que ingeriu algum alimento. Então, é preciso criar uma rotina a fim de gerenciá-la; tem de ser uma rotina mais ou menos fixa, e contar com essas alternativas, que são difíceis, melindrosas. Por isso, facilitar a vida por meio de uma monitorização contínua ajuda bastante; para ele saber a hora que tem de regrar um pouco mais na alimentação, a hora de se alimentar, evitando ter uma queda de glicemia, e fazer os ajustes ao longo do dia.
Como a utilização de sensores de glicose com alarmes é capaz de ajudar no controle da diabetes?
Em relação aos sensores com alarme, isso é fundamental. Muitas vezes, a pessoa fica em uma situação que ela precisa ter esse controle; quando ela não tem tempo para medir, o alarme tem um papel importante. Quando ele apita, significa que a glicose está caindo ou elevando-se. Se estiver baixando, o paciente precisará tomar uma decisão rápida de comer alguma coisa e não ter aquelas graves crises de hipoglicemia. Se estiver aumentando, a pessoa tomará a medicação usual, a qual foi indicada pelo médico; normalmente uma insulina ultrarrápida para fazer esse controle.
Que tipo de cuidados preventivos podem ser tomados para evitar complicações nos pés de pessoas com diabetes?
A primeira coisa é passar por uma avaliação. Hoje existem profissionais especialistas nessa área, o podólogo e os endócrinos que trabalham com diabetes, por exemplo. Eles podem usar sensores com o intuito de avaliar se já existe uma perda dessa função, de sensibilidade, e prevenir o aparecimento de lesões nas unhas e entre os dedos do pé. Avaliar o pé é fundamental para essa prevenção. E existem medicações também capazes de auxiliar nessa estratégia. A principal importância é a prevenção. Muitas vezes, são utilizados medicamentos e palmilhas, a fim de evitar problemas nos pés das pessoas com diabetes.
De que forma a tecnologia tem contribuído para a prevenção de complicações relacionadas ao diabetes?
A monitorização constante auxilia a pessoa a se cuidar melhor e manter a glicemia dentro de uma faixa ideal, entre 70 e 180; é o que chamamos de target ou faixa-alvo para o paciente, porque uma glicemia é normal em jejum e é até 140 depois da refeição. Toda pessoa, diabética ou não, tem alteração da glicose e, com a monitorização contínua, é possível evitar grandes oscilações, tanto para hipo, que é a baixa da glicemia, quanto para a hiper, que é a elevação da glicemia. É um tema muito atualizado, que é a variabilidade. A pessoa tem de variar a glicose normalmente até 36% , mas não uma grande variação, e é necessário manter a monitorização contínua. Há sites que mostram gráficos, inclusive com essa variação de glicemia.
A detecção precoce de níveis glicêmicos elevados e o controle rigoroso podem reduzir o risco de complicações severas. O quanto a tecnologia pode realmente fazer a diferença nesse contexto?
É importante que tenhamos mente que a glicemia, a primeira glicemia que se altera, é a pós-refeição, pós-café, pós-almoço. Então, é muito importante avaliar a glicohemoglobina. A tecnologia pode nos ajudar fazendo essa diferença, porque, quando você tem uma monitorização mais frequente, o paciente e o médico que está acompanhando conseguem ver essas alterações no pós-prandial. É importante que tenha tecnologia, que mesmo o paciente com pré-diabetes seja monitorizado. Não precisa ser aquela monitorização contínua, mas que ele consiga perceber quais os elementos que fazem diferença na sua vida, no seu dia a dia.