A bênção da saúde
29/03/2024Além da fé
29/03/2024Cresce o interesse pelos retiros espirituais como forma de reservar um período para o Senhor
Por Carlos Fernandes, do Certeza da Vitória
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Quem é evangélico sabe: Carnaval não rima com a fé cristã. Essa festa toma conta do país e atrai milhões de brasileiros, mas abre espaço para inúmeras práticas contrárias às Escrituras. Em resposta a isso, o povo de Deus aproveita o feriadão para descansar ou viajar. Há quem prefira participar de retiros espirituais, ocasião em que as igrejas reúnem seus membros, sobretudo os mais jovens, para promover a comunhão, buscar o Senhor e incentivar o divertimento sadio. Afinal, a alegria do Senhor é a força daquele que ama e segue Jesus.
Como acontece anualmente, no Carnaval de 2024, a Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) promoveu diversos retiros ao redor do Brasil. Foram dias intensos nos quais as pessoas puderam adorar o Criador juntas e colocar em suspenso os compromissos cotidianos a fim de estar entre irmãos. “A vantagem é o tempo de qualidade que podemos ter como Igreja do Senhor”, destaca o Pr. Daniel Henrique, da IIGD no Rio Grande do Sul. Como nas outras edições, o evento teve grande procura e envolveu cerca de 550 pessoas, entre participantes, organizadores e equipes de trabalho. “Os jovens eram de todo o nosso estado. Tivemos representantes de 12 regiões gaúchas.”
A programação incluiu mensagens sobre o tema-base, fundamentado em Jeremias 23.29. “Discutimos o poder de convencimento do Espírito Santo, abordamos assuntos, como família, convivência entre pais e filhos, sonhos, identidade e formação cristã”, continua o pastor. Isso tudo em meio a brincadeiras e confraternização, além de música, oração e aconselhamento pastoral. “Esse é o diferencial de estarmos reunidos em um encontro assim”, frisa Daniel. “Não precisamos ir a um ambiente de Carnaval para evangelizar. Tudo tem seu tempo.” Segundo o líder, a vivência da fé nesse formato é uma oportunidade de anunciar o Evangelho aos visitantes não convertidos e aos colaboradores que vão a trabalho. E completa: “Até o Senhor Jesus se retirou com os discípulos para descansar e repor as forças.”
Hoje pastor da Juventude na Igreja da Graça de Madureira, no Rio de Janeiro, Clayton Almeida gosta de lembrar que conheceu Jesus, justamente, em um retiro. “Foi em 2012. Recebi uma flecha do Senhor no meu coração”, brinca. Hoje, ele já acumula mais de dez anos de participação e organização de retiros, e não só de carnaval. E não tem dúvidas: “Essas ocasiões são essenciais para a saúde espiritual da igreja”, sustenta. “As pessoas voltam com uma ótica diferente para servir ao Senhor e à Sua casa”. No Carnaval deste ano, 320 jovens de várias congregações da IIGD na cidade e no Estado do Rio de Janeiro estiveram presentes no sítio da Igreja em Duque de Caxias (RJ). O tema do encontro foi “Convergência”, inspirado em Efésios 1.9,10: “Todas as coisas convergem para Jesus”, aponta o Pr. Clayton. “Desenvolvemos o assunto em etapas distintas: redefinição de rota, destino, libertação e conversão e entrega total, com dinâmicas de grupo e monitorias.”
Plena conexão
Para o Pr. Clayton, as lideranças devem entender dois aspectos essenciais a respeito dos retiros: esses eventos ajudam na saúde espiritual da Igreja; e cada um deles tem suas peculiaridades. “Existe uma sede por Cristo atualmente. É um vazio interior. Nesses encontros, tudo é mais intenso. Trata-se de um fim de semana inteiro em oração, compartilhamento da Palavra e comunhão.” Em novembro deste ano, ele avisa, tem mais. “Este é um chamado que recebi do Senhor”. Postura semelhante à da nutricionista Débora Mesquita, outra apaixonada por retiros — no caso, os organizados pelo templo-sede da Igreja da Graça em Teresina (PI), onde lidera os jovens. O último retiro dessa congregação aconteceu de 10 a 14 de fevereiro no Portal da Amazônia, espaço que recebeu cerca de 200 adolescentes e jovens piauienses. “Fomos alcançados pela graça”, comemora Débora. Ela cita o tema do encontro firmado na passagem de Tito 2.11-14: “Falamos sobre a graça e o arrependimento, além de assuntos atuais entre os jovens, como o uso das redes sociais e a importância de eles serem influenciadores nesta geração.”
Débora afirma que o intuito é proporcionar uma experiência em vários aspectos: “Em especial, abordar a espiritualidade. Eles ficam cinco dias sem celular. Quem aceita essa condição consegue se conectar melhor com Deus e o próximo”. Desde 2017 na liderança, ela diz que atuar entre os jovens foi um chamado recebido do Senhor. Essa dedicação é recompensada diante de relatos como o da estudante Tainá Pâmela Lima Pires Beserra, despertada para a comunhão com o Senhor. “Ao nos isolarmos um pouco das coisas do mundo, nós nos aproximamos mais de Deus.”
No último retiro, Tainá integrou o ministério de comunicação e o de teatro. Quando jovens se reúnem, o ambiente fica mais descontraído, porém a moçada não perde de vista a finalidade principal. “Essa conexão com Pai celestial é importante, gerando em nós crescimento espiritual”, ensina. Outro que compartilha desse pensamento é o arquiteto Fernando Williames de Carvalho Ferreira, também de Teresina. Mais maduro na vida e na fé, ele faz questão de colaborar com sua experiência e seu trabalho, para que as pessoas tenham a oportunidade de curtir um evento assim. “Neste ano, participei de meu 11º retiro”, contabiliza. Ele relata que começou a ir por curiosidade, mas logo se engajou na obra do Senhor. “A cada participação, saio dizendo que foi a melhor”, entusiasma-se.
Fernando e sua esposa Adriana atuam como coordenadores de equipes: “A motivação é dada pelo Espírito Santo, que nos comove a ver o desejo dos jovens em busca de conhecer mais o Senhor”, aponta. “Esse feriado é uns dos mais propícios para eles caírem na tentação das drogas, bebidas e da prostituição. Portanto, o retiro espiritual é de extrema importância para a obra de Deus, pois conseguimos afastar a juventude dessa festa mundana”. A recompensa não poderia ser outra: “É maravilhoso ouvir os testemunhos daqueles que saem fortalecidos para enfrentar as batalhas dentro e fora de casa.”
Para o Pr. Lucas Andrade, da IIGD em Recife (PE), os retiros podem sedimentar a vocação ministerial. “Tudo é único nesses encontros. Podemos exercer o nosso chamado pastoral em um ambiente estruturado e em contato 24 horas com aqueles que o Senhor nos deu para cuidar.” Ele se recorda com saudade das edições anteriores: “Eu me firmei com Jesus em um retiro de Carnaval e ingressei na obra”. Liderando a juventude pernambucana da IIGD há quatro anos, Lucas defende que esses encontros abençoam vidas: “Resultam em conversões, batismos nas águas e no Espírito Santo, comunhão, libertação, cura para a alma, quebrantamentos, jovens retornando para Cristo ou despertando para seu chamado. Não são poucos os que se tornam mais ativos no templo ao regressarem do evento. Além disso, muitos jovens que não conheciam Jesus voltam transformados pelo poder de Deus”, enumera. Um saldo positivo para as famílias, a Igreja e, consequentemente, para toda a sociedade.