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02/01/2025Aumento nos casos de câncer no Brasil provoca apreensão, mas a boa notícia é que a doença pode ser prevenida
Por Carlos Fernandes, do Ongrace
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Temido por pessoas de todas as idades, grupos sociais e perfis étnicos, o câncer é uma enfermidade que tem crescido de modo considerável no Brasil. De acordo com a Estimativa 2023 — incidência de câncer no Brasil, lançada pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), são esperados cerca de 700 mil novos casos diagnosticados por ano, no triênio 2023-2025. O câncer, na verdade, não é uma doença única — há mais de 200 tipos de tumores, afetando praticamente todos os órgãos e tecidos do corpo humano.
A neoplasia maligna já é a segunda principal causa de mortalidade não violenta no país, atrás apenas das doenças cardiovasculares. Mas esse quadro pode se inverter em breve, alerta o oncologista Carlos Gil Ferreira, presidente do Instituto Oncoclínicas. “Esses números não são apenas frios indicadores estatísticos. Eles representam famílias devastadas, desafios crescentes para o sistema de saúde e um chamado urgente à mobilização coletiva”, diz o especialista, que publicou artigo sobre o tema na revista Veja.
Essa complexidade exige mais do que tratamento: requer uma transformação na forma como o Brasil encara a saúde pública. Sendo uma doença de múltiplas causas, que vão desde a herança genética às condições de vida, é encorajador saber que pelo menos um terço dos casos de câncer pode ser prevenido. Tabagismo, consumo de álcool, dieta inadequada, sedentarismo e exposição a fatores ambientais, como poluição e radiação solar, são determinantes diretos no aumento do risco — e evitá-los depende, basicamente, da ação de cada pessoa. “No entanto, a responsabilidade pela prevenção não deve recair apenas sobre o indivíduo”, lembra-se Carlos Gil, destacando a necessidade de políticas públicas e acesso a exames preventivos e, uma vez estabelecida a doença, tratamento adequado.
Uma dessas intervenções bem-sucedidas, diz o médico, foi a regulação do tabaco, que reduziu de maneira expressiva a incidência de uma das modalidades de câncer mais prevalentes no Brasil, o de pulmão. Uma série de ações educativas, de comunicação e atenção à saúde, além de medidas, como proibição de fumo em quase todos os ambientes e restrição à propaganda, tiveram efeito nos números. Ao mesmo tempo, campanhas de vacinação específicas contra os vírus causadores do papiloma vírus humano (HPV) e da hepatite B reduzem significativamente o risco de câncer.
“Precisamos adotar estratégias semelhantes para combater os efeitos dos alimentos ultraprocessados e promover ambientes que favoreçam escolhas saudáveis”, comenta Carlos Gil. Ele observa ainda que avanços científicos têm transformado o panorama de enfrentamento ao câncer. Os exames de rastreamento e os tratamentos inovadores, a exemplo da imunoterapia, têm trazido novas perspectivas na luta contra o câncer.