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Fé e ciência: a trajetória de um médico no atendimento humanizado


Dr. Josias Marques vê no CTI um terreno fértil para oferecer o consolo e o conforto de Deus

Por Marcia Pinheiro, do Ongrace

Nesse Dia do Médico, 18 de outubro, profissional analisa a relação entre ciência e fé – Imagem: Ilustrativa / Freepik

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Na interseção entre fé e ciência, o médico e especialista em Medicina Intensiva, Dr. Josias Marques, formado pela Universidade Iguaçu, compartilha como sua espiritualidade moldou sua trajetória profissional e seu entendimento sobre a prática médica. Com experiências que desafiam as explicações científicas e um profundo compromisso com a humanização do atendimento, ele revela como a oração e a empatia se tornam ferramentas essenciais na luta pela vida, especialmente em momentos críticos no CTI. Em uma conversa sincera, ele explora a importância de integrar crenças espirituais na Medicina e como isso pode oferecer esperança e conforto tanto para pacientes quanto para suas famílias.

Ongrace: Poderia nos contar um pouco sobre sua formação e como sua fé influenciou na escolha pela Medicina?

Dr. Josias Marques: Sou formado em Medicina pela Universidade Iguaçu, com posterior especialização em Medicina Intensiva pelo Hospital Naval Marcílio Dias e mestrado em Epidemiologia pela Fundação Oswaldo Cruz. Desde minha infância, sinto o direcionamento de Deus nas minhas escolhas. Confesso que cursei a faculdade em dúvida se de fato era isso o que Deus queria para mim, orando sempre para Ele me mostrar qual era Sua vontade. Comecei a entender meu propósito quando estava na especialização. No ambiente do Centro de Terapia Intensiva (CTI), as pessoas ficam muito fragilizadas, tanto pacientes quanto familiares, sendo um terreno fértil para oferecer o consolo e conforto de Deus. Percebi que, ao conversar com os familiares, poderia mostrar empatia, carinho e assertividade, características muitas vezes não demonstradas pelos profissionais de saúde nesse momento.

Dr. Josias Marques defende que testemunhos de milagres devem ser compartilhados – Imagem: Divulgação / Arquivo pessoal

Como o senhor enxerga a relação entre ciência e fé na prática médica?

Enxergo como uma relação complementar, a fé complementa a ciência, muitas vezes precisamos da fé associada à nossa razão (tudo aquilo em que acreditamos, que estudamos e vivemos).

Existem momentos em sua carreira em que a fé e a ciência se encontraram de maneira significativa?

Sim. O CTI é um lugar para recuperação de pacientes graves, sejam idosos ou jovens, muitas vezes acidentados, que necessitam de intervenções imediatas e controle contínuo dos sinais vitais. Existem momentos no CTI que o caso é muito grave, e não temos mais recursos para ajudar um paciente. Nessas horas, a fé, principalmente dos familiares (na maioria das vezes, cristãos), é visivelmente um recurso poderoso na recuperação do paciente. Já tive momentos de oração em casa por pacientes que não tinham expectativa de melhora e, ao chegar ao trabalho, no meu setor, me deparar com o paciente muito melhor, sem ninguém saber explicar o motivo. Para mim, só existe uma explicação: milagre, e eu faço questão de falar isso para quem estiver ao meu lado no trabalho.

Quais são os principais desafios que os médicos enfrentam ao tentar conciliar ciência e fé em suas decisões clínicas?

A resistência de muitas pessoas, por questões religiosas principalmente. Entendam, nós, médicos, precisamos ser técnicos, conhecendo as ferramentas, os exames e tratamentos mais recentes, disponíveis ao paciente. Isso exige estudo, conhecimento, treinamento. Quando se vive por fé, você reconhece que Deus está controlando seus passos, suas decisões, mesmo quando não percebemos. Às vezes, tomamos decisões que muitos ao nosso lado não entendem. Alguns vão chamar de intuição, outros de “sexto sentido”, eu chamo de fé e obediência a Deus.

O senhor já se deparou com dilemas éticos que exigiram uma reflexão profunda sobre a ligação entre suas convicções religiosas e as evidências científicas?

Não. As evidências científicas (aquelas que são comprovadas em estudos robustos e bem elaborados) têm por objetivo guiar e ajudar na prática médica. Entendo que, quando fazemos o nosso trabalho com responsabilidade, respeitando as evidências para diminuirmos as chances de erros, estamos também glorificando a Deus.

De que maneira a fé pode oferecer conforto e esperança para os pacientes em situações difíceis?

Da maneira mais simples possível, no fluir do Espírito Santo na hora de falar, conduzir e agir com os pacientes e familiares. Se temos de nos parecer com Cristo, devemos nos empenhar em falar, agir e andar como Cristo.

Médico relata recuperação sem explicação científica, definida como algo sobrenatural – Imagem: Ilustrativa / Freepik

O senhor já viu a fé dos pacientes impactar sua recuperação ou o modo como enfrentam doenças?

Sim. Já tive pacientes em estado grave, às vezes fora de possibilidade terapêutica, os quais eu mesmo, na minha razão, entendia que a ciência não tinha mais solução e que, milagrosamente, via a recuperação sem nenhum ato humano, simplesmente os pacientes melhoravam do quadro clínico e iam de alta do hospital. Não tem como explicar de maneira técnica. Na maioria desses casos, os familiares eram muito religiosos e exerciam muito a prática da fé; e, quando não pensavam dessa maneira, eu fazia questão de ressaltar que não existia explicação com base científica, tratava-se de algo sobrenatural.

Como o senhor incorpora aspectos espirituais em sua prática médica?

Principalmente na fala. Entendo que aspectos espirituais são uma integridade. Não adianta falar de Deus com convicção e em momentos de descontração se portar de forma inconveniente ao que se fala. As pessoas esperam do cristão uma postura diferente. Quando a sua fala está de acordo com a sua prática, as palavras não são vazias e fazem sentido para os pacientes, familiares e para a equipe ao seu redor.

Que papel a empatia e o cuidado humanizado desempenham na sua abordagem profissional?

Fundamental. É a base do cuidado em saúde, entender o problema do paciente, tratá-lo com respeito e técnica ao mesmo tempo. É a base da humanização.

Como o senhor acredita que a formação médica pode incluir discussões sobre a relação entre ciência e fé?

A comunidade científica é muito resistente à aceitação da fé na discussão técnica, apesar de praticamente todos já terem uma experiência que não conseguem explicar com a ciência. Não admitem que foi um milagre, simplesmente ignoram o fato e tentam justificar de forma evasiva. Acredito que testemunhos de experiências pessoais que passaram por milagres dentro de um hospital poderiam mudar o cenário dessa perspectiva.

Em sua opinião, qual é o futuro da Medicina em relação à espiritualidade e à fé?

Acredito que cada vez mais a saúde, de modo geral, irá caminhar para a tentativa de explicar os fenômenos de que até hoje não se tem explicação. Isso é um sinal de avanço da ciência. O futuro da Medicina se baseia no equilíbrio entre o que se tem de evidência científica, os desejos e as expectativas dos pacientes com seus familiares e a humanização da relação entre esses pilares. Espiritualidade e fé estão dentro dos desejos e das expectativas do paciente e dos familiares e normalmente são respeitados.

Que mensagem o senhor gostaria de deixar para os profissionais de saúde e pacientes sobre essa relação?

Quando estou em uma situação delicada, na qual um paciente no CTI está muito grave e não temos mais recursos para instituir, meu discurso com os familiares sempre começa com: “Falando como médico, esse paciente está muito grave e não temos mais o que oferecer. Não vamos desistir. Mas não conseguimos avançar nesse momento. Agora, se você me permite falar, como cristão, sou evangélico e não quero causar nenhum desconforto religioso, mas já presenciei situações parecidas com essa sua e vi realmente milagres acontecerem. E eu entendo que, se for da vontade de Deus, Ele pode fazer esses milagres”. Com esse discurso, dificilmente um familiar se sente ofendido, e podemos demonstrar nossa fé sem deixar de lado o conhecimento técnico que a família também espera de nós.

Deus, na Sua infinita misericórdia, mesmo com todo o avanço da ciência, permite que médicos e profissionais de saúde em geral se vejam em situações nas quais a ciência não tem mais resposta e nos mostra como somos limitados. Cabe a nós, profissionais cristãos, que entendemos o lado espiritual e temos fé de que Deus está no controle de tudo, saber usar esses momentos como ferramentas de propagação do Reino de Deus.

Onde as pessoas podem encontrar mais informações sobre o trabalho de médicos que atuam nessa interface entre fé e ciência?

O melhor lugar para conhecer essas informações é conversando com os profissionais. Não é fácil achar algum artigo científico que fale sobre fé versus ciência, pois esses artigos não têm validade científica. Logo a comunidade científica invalida qualquer argumento ali disposto. Na própria Igreja, conhecemos histórias que são verdadeiros milagres diários. Conversar com essas pessoas aumenta a nossa fé e nos faz acreditar, cada vez mais, que Deus está no controle de tudo. Precisamos simplesmente nos deixar ser usados por Ele.

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